sexta-feira, 29 de julho de 2011

always do for others and let others do for you

Foto MMFerreira
May God bless and keep you always
May your wishes all come true
May you always do for others
And let others do for you
May you build a ladder to the stars
And climb on every rung
May you stay forever young
Forever young, forever young
May you stay forever young.

May you grow up to be righteous
May you grow up to be true
May you always know the truth
And see the lights surrounding you
May you always be courageous
Stand upright and be strong
May you stay forever young
Forever young, forever young
May you stay forever young.

May your hands always be busy
May your feet always be swift
May you have a strong foundation
When the winds of changes shift
May your heart always be joyful
And may your song always be sung
May you stay forever young
Forever young, forever young
May you stay forever young.

(by Bob Dylan)

quarta-feira, 27 de julho de 2011

os outros artistas

"Playroom", by Marita Ferreira
Os artistas que morrem na miséria são um lugar-comum. Quando isso não acontece, é esperado que se suicidem, abusem de drogas e álcool, vivam vidas de deboche e sejam incapazes de gerir as suas carreiras. De lado fica o outro lugar-comum: o da marginalização das suas capacidades por quem acredita piamente no primeiro.
Pôr em prática alguma forma de arte implica, basicamente, ficar nas mãos dos predadores que usam os lugares-comuns acima descritos para menorizar e explorar as pessoas que se dedicam a qualquer forma de arte. Galeristas, agentes, produtores, editores e outros pseudo colarinhos-brancos da área intelectual não têm pejo em usar o trabalho alheio em proveito próprio, sem prestar a devida compensação a quem o produz.
Muito se brama contra os empresários de todos os segmentos produtivos, mas estes tubarões de capa intelectual, que se choram e alardeiam a sua indignação contra os muitos atentados ao trabalho artístico, cobram percentagens inconcebíveis, fogem ao pagamento de direitos, exploram sem piedade o trabalho dos outros e desculpam com gastos astronómicos o incumprimento de condições contratadas.
Acima da lei, estes verdadeiros boémios da vida artística promovem os estilos de vida que aos artistas se atribuem, sustentados com os rendimentos do trabalho alheio, contribuindo para a sua fama, mas não para o seu proveito.
Ser artista é, assim, uma forma de ser confundido com o desregramento de quem não o é. Trabalhar honestamente para resultados que não sejam simplesmente diletantes e pretensiosos, exige disciplina, afinco e entrega total. Pouco tempo fica para festas e orgias. No entanto, quando elas acontecem, ninguém menciona agentes e empresários, mas os soantes nomes ligados a artes várias.
Entretanto temos fenómenos como editoras de grande prestígio que publicam todos os grandes poetas de língua portuguesa e nunca lhes pagam um cêntimo de direitos a pretexto de que a poesia não se vende. Fica o enigma de como pagam esses editores as suas contas. Os livros são, aliás, um mistério insondável de desgraças que sustenta, no entanto, um segmento de mercado florescente para os grandes grupos e empresas.
O mesmo se aplica às outras artes, em que não são os artistas a colher os melhores frutos do seu trabalho, pelo menos nunca antes de fazer prosperar dezenas de outros indivíduos. A lei acoberta, no entanto, as máquinas de fazer dinheiro nas áreas artísticas, consentindo na exploração do talento. Assim como o desampara sempre que uma empresa de edição ou produção encerra as suas portas, dando primazia a todos os fornecedores e esquecendo os que em primeiro lugar contribuiram para a criação de dezenas de postos de trabalho durante anos a fio.
A justiça é um conceito mental elaborado, que não afecta a maioria das pessoas, mas como agora está na moda combater os estigmas, por que não denunciar este? Artistas não são desgraçados incapazes e ao nível dos sem-abrigo. São geradores de riqueza tratados como escravos e abandonados à sua sorte e má fama sempre que necessário. A seu favor não têm sequer a segurança de fontes de rendimento fixas, mesmo que diminutas. Regulam-se os direitos de autor e há percentagens acordadas para o seu valor, mas nunca ningém acorda sobre as outras percentagens geradas pela dos artistas e autores.
Há que concordar que, viver assim, da fama e do trabalho dos outros, é que é coisa de artista.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

arranjem o que fazer

Foto MMFerreira

Invejar quem não tem nada é uma qualidade intrigante e, possivelmente, uma das mais absurdas que conheço. Só equiparável, talvez, ao ressentimento demonstrado perante a alegria de viver de quem, contra todas as adversidades, teima em cultivar a alegria.
Sendo a vida pejada de contrariedades que não podemos evitar, não é pecar por optimismo ou por inconsciência não ceder à depressão e aos pensamentos negativos. É uma questão de bom senso e de saúde mental.
Confundir isso com irresponsabilidade ou falta de vontade e energia para tentar mudar as coisas é que condenável. Nem toda a gente é vítima de circunstâncias adversas por falhas graves na sua personalidade. Pode ser por desconhecimento e falta de orientação adequada para mudar algumas vicissitudes pelo caminho, mas isso não é obrigatoriamente condenável.
Que, apesar disso tudo, se inveje e queira mal a quem sofra por mor de desastradas situações, é espantoso.
Talvez a resposta esteja em algum medo que tolhe os aparentemente mais afortunados, coartando-lhes a capacidade para exercerem o optimismo e a alegria que estarão, quiçá, mais equipados para pôr em prática. O receio de falhar e a opção por apostas cem por cento seguras nunca é compensador quando a nossa cabeça teima em sonhar com voos mais altos.
O que não é razão, nem justifica, invejar e diminuir o esforço dos outros para combater o receio e a insegurança. É empatar a sua e a vida dos outros, sem outro lucro que o da impotência e o desânimo. E é crueldade, na mais básica forma em que é posta em prática pela mediocridade de quem se deixa desiludir.
Arranjem o que fazer.

domingo, 24 de julho de 2011

sustentável?

Foto MMFerreira

A população mundial duplicou desde a década de 60. Fomos capazes de gerar vacinas, antibióticos, prevenção, cirurgias cada vez mais complexas e eficazes, tratamentos dentários e planos de desenvolvimento. Descobrimos como multiplicar os peixes e ensinar a pescar, mas não como matar a fome ou a não matar.
Também nunca descobrimos, aparentemente, como lidar com as consequências deste brutal crescimento demográfico.
Pensando bem, de que serviriam todas as descobertas se não houvesse como tirar partido delas? Quem compraria vacinas, hamburguers, telemóveis, sementes geneticamente modificadas e máquinas fotográficas se, de repente, algum génio se lembrasse de que seria ajuizado que as famílias não ultrapassassem um número restrito de filhos? Seria isso sustentável ou uma violação de direitos fundamentais?
A palavra sustentável é uma adição bastante recente ao nosso vocabulário mundial e quase completamente incompreensível para a maioria das pessoas. Fala-se muito em ecologia e mudanças climáticas, poluição e fontes alternativas de energia, mas pensar também em todas essas coisas associadas ao sustentável é ainda um exercício complexo e acima das reais capacidades do conhecimento médio.
A própria média, de vida, de consumo ou de conhecimento, é uma espécie de terra de ninguém onde crescem híbridos resultantes da vontade de dar a conhecer a realidade e daquilo que é politicamente correcto, constituindo, na verdade, a terra fértil da propaganda dos regimes.
Voltando ao facto de a população mundial ter duplicado nos últimos 60 anos, seremos realmente capazes de entender as consequências dessa constatação em toda a sua aterradora complexidade? O que aconteceria, por exemplo, ao nosso especulativo sistema económico global, se de repente nos preocupássemos todos com a sustentabilidade demográfica do planeta e desatássemos todos a pôr em prática soluções para atingir números ideais de habitantes por percentagem territorial?
Ou não fazemos nada e esperamos que a Natureza, mais uma vez, se encarregue de repor o devido equilíbrio, à semelhança de outras fases históricas de que temos indícios?
Mais acutilante ainda: o que é que eu vou fazer com esta informação? Está na minha mão contribuir significativamente para uma solução?
Devo depositar a minha fé num qualquer deus capaz de zelar pelo bem-estar de todos os crentes e assegurar o seu lugar nos céus, descartando todas as outras criaturas como simplesmente insustentáveis? Ou, de uma forma muito zen, aguardar que se faça luz no meu actualmente incapaz e desarmado espírito, esperar que desça de Marte, Vénus ou Plutão um OVNI cheio de revelações e esperanças, ou que o Apocalipse resolva por mim todos os dilemas da Humanidade?
Em qualquer dos casos, a tarefa é desmesurada para a real importância de cada indivíduo isolado. Mas se não começamos por aí, por onde poderemos alguma vez começar?

quarta-feira, 13 de julho de 2011

luares

Foto MMFerreira
O reflexo solar produzido pela lua no mar. Mesmo que não nos tornemos em felidonas ou lobisomens, o espectáculo visul é perturbador.

sexta-feira, 8 de julho de 2011

ser feliz ajuda

"Gréve Humaine" - instalação de palitos de fósforos, da mostra "Às Artes Cidadãos", Fund. Serralves



Ser feliz ajuda, embora veja, na expressão de quem me ouve dizê-lo, a ironia de quem acha que essa coisa de nos acharmos felizes é apenas uma baboseira cor-de-rosa que é de mau tom exibir.
É pelo menos curiosa, essa "vergonha" que as pessoas sentem hoje de determinados valores e conceitos. É como a moda de dizer mal de tudo, nunca estar satisfeito com nada, fazer o culto do pessimismo.
Eu, que acredito ser muito ingénuo não considerar tanto o bom como o mau de todas as coisas e de todas as pessoas, espanto-me sempre com o "pessimismo informado" de que hoje se faz tanta gala. "É ser realista", afirmam os seus defensores, ignorando no entanto que, ser apenas um anotador sistemático de tudo o que é negativo, bem como de todas as possibilidades que as coisas têm de correr mal, só nos conta metade da história.
Ser capaz de encontrar alegria e felicidade, mesmo no meio dos maiores reveses, não é nem um lugar-comum, nem nada que nos envergonhe. Pelo contrário, demonstra que somos capazes de aproveitar o que a vida nos oferece de melhor, mesmo quando tudo parece estar de rastos.
É uma demonstração de lucidez da parte de quem não se limita a seguir a tendência geral e é capaz de fazer da sua vida ma coisa com sentido.
A felicidade e a alegria não são, forçosamente, réplicas baratas dos argumentos que a grande indústria de entretenimento oferece no verão ou na época natalícia. São apenas ocasiões em que podemos desfrutar de sensações compensadoras e reparadoras. Que tem isso de vergonhoso?
Considerar a felicidade como possível, na nossa existência, é um sintoma de inteligência e não o contrário. E ser contido nas manifestações de infelicidade e pessimismo é sinal de controlo na vida, mesmo quando ela não nos devolve senão contrariedades.