terça-feira, 30 de julho de 2013

curiosas contradições

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Os monárquicos são pessoas curiosas. Não apenas por nos estarem sempre a tentar convencer de que um sistema de governação ultrapassado, como é o da monarquia, pode de algum modo resultar nos dias de hoje, como pela sua cega fé em coisas como um tipo de sangue azul, uma classe social chamada nobreza, privilégios para pessoas que por definição, nada fazem para os merecer, etc.
Tudo começa pelo equívoco da classificação de nobre, que na sua génese nada tem que ver com um nascimento rodeado de privilégios, mas sim com a capacidade de algumas pessoas se destacarem pelos seus méritos (e eventualmente, nobreza, ou seja, qualidade de carácter). 
Os primeiros nobres foram pessoas vulgares, que mereceram de alguma forma essa qualificação, não meninos pálidos e mimados paridos em berços de ouro ou de qualquer outra extravagância pouco própria para o saudável desenvolvimento infantil.
Portanto, sem intervenção divina ou misteriosa, houve uns tipos diligentes que fuçaram bem os seus privilégios e não fazem, nem de longe nem de perto, o tipo do betinho quase efeminado que se afecta especial e nobre por nascimento. Ou do troglodita que se revê no mesmo figurino.
Depois, num país como o nosso, onde toda a gente é em maior ou menor grau família de toda a gente, e onde os ditos nobres tinham o direito de se servir de qualquer mulher, incluindo as nubentes que inadvertidamente se lembravam de casar dentro do perímetro da sua influência, é de crer que tudo o que é português tem pelo menos uma mulher na família que serviu um desses indivíduos. Resumindo, toda a gente é, em maior ou menor grau, senão filho de nobres, pelo menos bastardo deles.
Assim se conclui que os genes da nobreza, o sangue azul, correm por todo o lado. Por acaso até gostava de saber quem seria o timorato genealogista ou escriba oficial capaz de afirmar, com absoluta certeza, que fulano ou sicrano não são, de todo, filhos da turba fidalga que cavalgou à solta por esse País fora, durante centenas de anos.
Já quanto aos privilégios por direito de nascimento de uns tantos escolhidos, é no mínimo uma teoria de mau gosto nos dias de hoje, em que a igualdade de direitos é um valor incontestável para qualquer avisada cabeça ou de comum bom senso.
Andar em bicos de pés é uma tentação vulgar, mas há que reconhecer que o apoio da sola inteira facilita a deslocação e favorece o equilíbrio de qualquer criatura que use esse tipo de apêndices para avançar na vida e em qualquer direcção.


quarta-feira, 24 de julho de 2013

o dinheiro e as eleições (ser em vez de ter)

o 
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Acumular dinheiro tornou-se, na nossa sociedade, um símbolo de sucesso, de poder, de coisa meritória. Há gente diligente que desperta todos os dias com vontade de fazer coisas e põe isso em marcha com acções que produzem riqueza. Essas pessoas são ricas, não apenas em dinheiro, mas no total das suas vidas, que aproveitam para pôr em marcha de todas as formas que consideram úteis e válidas.
Outras pessoas confudem simplesmente o dinheiro com os seus anseios. Em vez de acumularem as coisas que provavelmente os fariam felizes, confundem o símbolo com a finalidade das suas vidas.
O único motivo pelo qual achamos que precisamos de dinheiro é para suprir o desejo que sentimos por coisas que nos podem causar satisfacção e felicidade.
Quando os políticos e outras figuras destacadas da sociedade falam em dinheiro e riqueza estão a referir-se directamente às nossas possibilidades e capacidades para sermos ou não felizes. Usam o símbolo para nos aliciar ou assustar em relação à forma como sentimos a vida. Agradável se tivermos dinheiro, horrível se não for esse o caso.
A geração de riqueza que tantos discursos apregoam não é a multiplicação dos euros ou dos dólares, fracos substitutos das nossas emoções e da nossa vontade de sermos felizes. E são fracos não porque sejam maus, pois são apenas um símbolo neutro, a que nós atribuímos uma boa ou má conotação, conforme o nosso discernimento em determinado momento.
O discurso da riqueza que actualmente se faz é para convencer toda a gente que alimentar um sistema baseado na multiplicação do dinheiro é o grande sentido da vida. Que sem isso tudo o resto desaparece. E, na verdade, se de repente todo o dinheiro desaparecesse, ninguém sucumbiria e, provavelmente, outro símbolo surgiria, ou seria criado, para medir o valor das coisas e das trocas entre as pessoas.
Acontece que as pessoas se sentem cansadas de estar sempre a ser medidas por um símbolo sobre o qual não têm controlo. Que um pequeno grupo monopoliza e manipula para manter toda a gente miserável e na expectativa da felicidade.
O que está mal na política e nos seus representantes é o constante adiar da vida para um futuro que poderá ser melhor se todas as irracionais exigências monetárias forem cumpridas, quando a felicidade está em viver hoje de acordo com o que todos temos e que o dinheiro nunca poderá comprar: a vida e a muito mais terrena capacidade para a gozar agora, com tudo o que ela nos oferece.
Muitos são os candidatos que se apregoam da mudança e contra o actual estado da Nação, da Europa e da crise mundial. O certo é que, até agora, todos eles falam na riqueza que é preciso gerar em tempo de crise, perpetuando os medos e as promessas com muitas palavras que até parecem novas e de esperança. Mas nenhum consegue chamar os bois pelos nomes e propor uma verdadeira mudança.
A única que até agora apresentou uma alternativa concreta é a candidatura de Isabel Magalhães e do movimento por ela criado, o Ser Cascais. Com frequência, refere o Ser em vez do Ter, verbalizando com muita simplicidade o que todos queremos: ser considerados para lá do símbolo do dinheiro e dos seus jogos, recuperados no valor que todos carregamos, sem excepções.
Uma única voz diz o que é necessário para mudar de facto e arranjarmos um novo e satisfatório símbolo para os nossos desejos e para a nossa felicidade. E isso só se consegue ouvindo com atenção Isabel Magalhães e a sua simples proposta: sejamos!
O movimento Ser Cascais não tem dinheiro e não propõe esse símbolo como meta para atingir a felicidade dos cidadãos. Propõe o acesso directo a ela e ao sucesso, independentemente do estado da Nação e da sua adesão negativa a um símbolo que já todos identificam como um negro carrasco sobre as cabeças das pessoas em todo o mundo.
Seria de esperar que uma proposta tão assertiva fosse, no mínimo, replicada pelos outros intérpretes da política. Para o que seria preciso que entendessem a sua própria escravidão ao símbolo e ao significado que lhe atribuem. Mas isso não acontece, porque são pessoas que não se levantam todos os dias com gratidão por estarem vivas e com entusiasmo por cada momento em que são, em que existem. São pessoas que sentem o jugo e a pressão, não tendo muito mais consciência do embuste em que incorrem do que os demais cidadãos.
No caso de Isabel Magalhães, o Ser em vez do Ter, e da sujeição implícita, basta para justificar a enorme fé que tem na vida e nas capacidades de cada indivíduo. O seu trabalho não é político no sentido convencional e degradado do termo. É o de apontar um caminho e exibir os seus bons resultados pessoais como exemplo de que uma atitude diferente compensa e recompensa.
É uma mudança de consciência que já está à nossa frente. Não chega avisar os políticos que as pessoas já estão conscientes dos seus jogos e dos seus logros. Impõe-se mudarmos a nossa atitude e gozar os frutos dessa mudança, de Ser em vez de Ter. 
A diferença está em ser de imediato como se deseja ou procurar ter qualquer coisa que só pode ser um fraco símbolo ou substituto do que realmente queremos.

segunda-feira, 22 de julho de 2013

o outro lado da informação





A recolha maciça de informação por parte dos governos e de algumas organizações tem assustado muito boa gente. O medo de que as imensas bases de dados electrónicas sejam usadas para controlar as pessoas tem sido um assunto muito debatido ultimamente.
Ean Schuessler traz-nos, nesta conferência em que participou no Brasil, a sua versão: como usar essa informação para conhecer melhor o sítio onde vivemos e pressionar os governos a introduzir mudanças que melhorem a qualidade de vida de todos.
No vídeo, em que diz ser necessário 'piratear' as nossas cidades, fala de várias organizações que têm presença online, explica como usar software livre para mapear as necessidades locais, sondar a opinião das pessoas e sugerir pequenas soluções.
Como diz logo de início, quando se quer travar uma máquina gigantesca como um governo, o melhor conhecê-la bem para não provocar um desastre ainda maior.
Uma das suas sugestões é o uso da LocalWiki, uma parte da Wikipédia que permite criar artigos sobre locais e assuntos que não são considerados de suficiente notoriedade para integrar a enciclopédia principal. E deixa muitas outras sugestões de software livre que podem ser usadas localmente para começar a dinamizar um grupo de interesse e de intervenção.
Esta conferência merece a nossa atenção pela forma simples como descreve as inúmeras possibilidades de usar redes sociais, software e a informação que outras pessoas recolhem para agir e mudar um pouco a realidade em que vivemos.
Uma grande inspiração para quem quer tomar parte na mudança sem ter de ir para a rua queimar pneus, partir vidros ou sujeitar-se a cargas policiais. A ver do princípio ao fim.

terça-feira, 9 de julho de 2013

rumores de cascais: as boas escolhas

Isabel Magalhães (Foto de Ivan Capelo)
Quando um amigo se levanta para tentar mudar alguma coisa que todos vemos que não está bem, que espécie de pessoas seríamos se não nos levantássemos também para fazer o mesmo e não o deixar  sozinho a fazer o trabalho de todos?
Mais, se conhecemos esse amigo, se sabemos que a mentira não faz parte da sua vida, que se afasta de tudo o que não lhe parece claro e ainda te estende a mão para te mostrar que tudo tem conserto, que pessoas seríamos se não honrássemos o trabalho e a dedicação que essa pessoa põe na recuperação de um sonho que também é nosso?
Nesta altura, esse amigo é uma mulher que não faz parte de nenhum feudo de partidos que, grandes ou pequenos, têm hábitos e comportamentos de alcateias especializadas nas artes predatórias. Que não participa dos seus mirabolantes esquemas de exploração e domínio de seres humanos, que tem experiência e capacidade para gerir bens e destinos sem disso necessitar para a sua subsistência ou sucesso pessoal. Que acredita as capacidades individuais de todos e que não se deixa intimidar pela propaganda da desgraça. Que não tem apetência pela corrupção e não cede à coacção do poder instituído.
Essa mulher é, com absoluta certeza, uma ameaça para aqueles que, ao cabo de décadas, se habituaram a viver, e muito bem, a custa dos outros e do seu trabalho. É uma ameaça para os que nos ameaçam com as suas práticas desumanas e usurárias. E que acreditam poder, apesar disso, manter-se sem consequências de maior na sua vida privilegiada e parasita.
A mulher de que falo tem um plano, uma visão da vida que nos abrange a todos, que nos integra a todos de uma forma mais justa. Uma proposta de não mais deixar que a riqueza de todos sirva para enriquecer um punhado e não para cuidar de todos e multiplicar as suas hipóteses de uma vida plena e bem estruturada.
É nessa mulher que vou votar. E não em qualquer dos grupos que, como quadrilhas de malfeitores, distribuem entre si os territórios e a riqueza, sem qualquer espécie de ambição que não a de desbaratar o fruto das suas rapinas em luxos que confundem com o significado da sua existência neste mundo.

boca de cena

O trabalho é sempre muito, mas os resultados entusiasmantes. O Gil Cruz aposta nos seus deliciosos bonecos, símbolos e jogos de cor.
'Ensaio Geral' de Gil Cruz (Acrílico s/ tela)
'Ensaio' de Marita Ferreira (Aguarela s/ papel)
Marita Ferreira numa versão mais fantasiosa e envolvente com os seus 'bonecos' em ambiente teatral. Vão mostrar o seu projecto no Teatro Mirita Casimiro, no Monte Estoril.