terça-feira, 24 de setembro de 2013

efeito aleluia

"Alleluia effect" - Guincho, Cascais (foto: MMFerreira)
Cascais acordou hoje no meio de mais uma encenação política para as eleições de domingo: um panfleto de oito páginas, mimetizando as cores e o estilo da coligação que preside a autarquia, utilizado para acusar o executivo em funções.
Introduzindo links e assuntos trazidos a lume pelos independentes, não é difícil pôr o concelho a pensar que a iniciativa é do movimento de cidadania que Isabel Magalhães lidera.
Analisadas as minúcias associadas, e atendendo a que o movimento citado não tem os euros necessários para espalhar maciçamente um panfleto com aquela qualidade por todo o território da autarquia, fica claro que a iniciativa só pode ter brotado de outros, nomeadamente com capacidade económica e maior tradição panfletária, como é o caso de outros dois portentosos adversários do movimento de cidadãos e também do edil local.
Ainda ontem, citando sem inocência o exemplo de Cascais, um professor defendia no jornal Público, a tese de que uma democracia sem partidos é uma ditadura, deitando para isso mão a argumentos que datam do século XIX e dos seus eméritos pensadores. Como se não tivessem passado duzentos anos entretanto, como se outros pensadores não tivessem surgido nesse espaço de tempo e, pior ainda, como se não fosse evidente que as democracias viram ditaduras de cada vez que um partido colhe a maioria dos votos.
Acontece que o desinteresse pelas acções anónimas e ataques espúrios em tempo de campanha faz parte da forma de estar dos cidadãos a quem importa uma convivência social e política saudável.
É o efeito aleluia que procuramos quando escolhemos um movimento como o SerCascais para corrigir o nosso rumo em direcção ao futuro. Não a descida às catacumbas em que os partidos gostam tanto de manter os cidadãos para os afastar de uma vivência plena dos seus direitos.

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

a vida como uma lanterna chinesa

"Inner Garden Beauty" (acrílico sobre tela - 90 x 90 cm) - MMFerreira
Imaginemos que a vida, o universo, a história, tudo o que conhecemos e podemos vir ainda a conhecer está armazenado no tubo de papel de uma lanterna chinesa, uma dessas com pregas que se desenrolam para lhe dar volume antes de se pendurar com uma lâmpada lá dentro. Imaginemos que, ao espreitar lá para dentro, vemos tudo o que fomos, o que somos e o que suspeitamos que ainda viremos a saber. Vemos também os sítios onde estivemos e onde ainda gostaríamos de ir. Os nossos amigos e os inimigos, os animais, as plantas, os rios e oceanos, as estrelas e tudo o que o conhecimento pões ao nosso alcance. 
É um mundo imenso, tudo dentro do tubo de papel da lanterna chinesa. Tudo o que podemos imaginar, conceber, lembrar, incluindo o espaço com as suas constelações, buracos negros e transformações e todas as nossas vidas e as que provavelmente andam por aí sem que saibamos da sua existência.
Imaginemos agora que achatamos a lanterna, com tudo o que lá tem dentro. Ficamos com um disco de papel espalmadinho e pronto para ser guardado em qualquer canto. Diminuiu drasticamente de tamanho, mas o que lá estava dentro continua no mesmo sítio, só que arrumado de outra maneira. E fora dele, continua o resto da vida, tudo o que ainda não conseguimos apreender ou imaginar.
Isso põe tudo em perspectiva, está visto.