sexta-feira, 21 de novembro de 2014

pague-se o Louvre local!

Depois de oferecer concertos megalómanos (e não especialmente melómanos) durante o verão na Baía de Cascais a uma população que nem sequer era maioritariamente do concelho, com resultados que passaram por despesas extraordinárias de segurança e de limpeza do centro da vila, a autarquia local decidiu cobrar entradas para as exposições no Centro Cultural de Cascais (três euros para quem não é do concelho e metade disso para aqui vive). E parece que não será o único espaço dedicado à cultura em que se fará tal cobrança (medida em vigor desde o passado mês de Outubro, no CCC, Casa das Histórias, Museu Conde de Castro Guimarães e Casa Duarte Pinto Coelho, pelo menos).
À entrada, se tiverem sorte, ouvirão o segurança e o funcionário ao balcão argumentar que, para ver o Louvre também se paga entrada. Comparação mais que justa, claro. Sobretudo se soubermos que um passe de dois dias para todos os museus parisienses custa quarenta e dois euros e a entrada na Tate Modern é gratuita, sendo cobrada entrada apenas para as exposições especiais. Os programas culturais em Cascais estão, claramente, ao nível dos dois exemplos citados.
Temos de compreender que o afluxo de turistas aos espaços culturais cascalenses é avassalador e importa em despesas que todos temos de partilhar. Isso faz o mais perfeito sentido depois do cuidado que os governos locais tiveram em se apropriar da gestão de todos os eventos, oferecendo condições impossíveis de bater por qualquer outro agente cultural. Agora, consolidada a política de monopólio da cultura pela autarquia, há que pagar para ver o que o poder escolhe apresentar.
Se algumas das propostas até são atraentes, a fraca frequência indica o resultado real desta política, que investe muitas centenas de milhares de euros em espectáculos gratuitos que desfiguram a qualidade de vida local, e depois cobra entradas em eventos de menor envergadura e cuja frequência devia assegurar, nem que fosse apenas pela vergonha de pedir dinheiro por actividades para as quais existem orçamentos destinados ao seu fomento.
Este caso faz lembrar o espírito de um curioso título do Mensageiro de Bragança, fundado em 1940 e sempre sob a gestão da diocese local: "Bragança ou Moscovo - Cidade ou Selva". Tudo por mor de um banho menos "vestido", tomado por um grupo de rapazolas no riacho local durante o verão, que indignou as boas famílias transmontanas e provocou igual indignação ao autor do artigo do Mensageiro.
Então se o Louvre cobra entradas, não o há-de fazer o Centro Cultural de Cascais? Isto é alguma selva? Hão-de concordar...

quinta-feira, 30 de outubro de 2014

o estranho mundo das causas e dos propósitos

Foto daqui
A forma como escolhemos indagar as razões dos furacões que assolam as nossas vidas define a qualidade do impacte que têm em nós. Por quê, ou para quê, são as questões. 
Enquanto na primeira (por quê, por que motivo, por que razão) se procura uma causa, na segunda é a intenção e o propósito que orientam a busca. A diferença entre estas formas de questionar a vida faz toda a diferença.
No porquê, ou na causa, tendemos a atribuir a explicação (ou culpa) a algo exterior a nós, subtraindo-nos a qualquer implicação pessoal no acontecido. Mesmo que se tenha passado connosco e, logo, haverá que questionar por que motivo nos alheamos tão convenientemente da questão.
No para quê, ou na intenção, no propósito, a questão busca de imediato a compreensão de um certo mecanismo das coisas que, com certeza, se traduz numa verdade universal e capaz de se manifestar de forma idêntica para todos.
Por um lado, não gostamos de nos identificar com as causas dos furacões, e por outro, procuramos sempre explicações universais que expliquem tudo. Por alguma insondável razão, aceitamos a incoerência de nos subtrairmos de uma questão e de nos tentarmos identificar com a outra.
O mais simples seria compreender que não faz sentido, aceitando que existem verdades e leis universais que nos afectam, e fazendo nós parte desse universo global, a tentativa de nos excluirmos do que nos acontece, e de encararmos determinadas manifestações como totalmente alheias a nós.
Entender a intenção e o propósito é muito mais importante do que procurar causas exteriores que fogem ao esquema compreensível das coisas e, portanto, ao nosso controlo. Mas se acreditamos em leis universais, por que insistimos em colocar determinados acontecimentos fora do seu âmbito? Se há verdades universais, por que razão queremos alienar delas algumas manifestações? Fará isso algum sentido?
O caos e os furacões surgem destas arbitrariedades que insistimos em defender, contra toda a lógica e todo o senso comum. Sonhamos muito com a ordem, mas teimamos em escolher pensar nas coisas como incompreensíveis e fora do seu âmbito. Complicamos por falta de fé na simplicidade.
Os furacões dão-se na nossa cabeça e teimamos em acreditar que estão lá fora, num sítio de que nos excluímos e que vemos, mas não queremos que faça parte da nossa vida. Mesmo estando à frente dos nossos olhos.
Estranho mundo o nosso, em que antagonizamos causas que elegemos em vez de propósitos. E nas quais investimos mais do que na clareza que organiza o caos. Parece tão mais fácil fazer a escolha certa...

sexta-feira, 24 de outubro de 2014

segunda-feira, 13 de outubro de 2014

grupos, separações e apegos

Green Tara, by Christine McDonnell
Há gente que embirra com grupos. Era o que faltava, rosnam quando falam de igrejas, religiões, maçonaria, claques de futebol, reuniões disto e daquilo, e opus várias.
Esquece-se da empatia natural que nos leva a juntar-nos a outros nos mais variados contextos. Da evidente necessidade de comungar coisas simples ou complicadas. De que nenhum indivíduo entra sozinho num paraíso, num céu ou nas esferas espirituais, pois essa é a mensagem que nos recorda fazermos parte de um todo que, a despeito das aparências, é a nossa essência divina, a nossa salvação ou reencontro com a inequívoca herança com o eterno: a unidade.
Essa é a verdade que preside à necessidade que temos de nos juntar em grupos e de partilhar o que temos em comum.
Quando fazemos parte de um grupo e, na sua dinâmica, introduzimos as diferenças, os pudores, os clubes adversários, as filosofias ou as religiões que antagonizamos, estamos a desprezar a sua função original e única, que é a de nos reunirmos no espírito, apesar de divididos na matéria.
Quando excluímos do nosso convívio de origem divina aqueles que têm formas diferentes de viver e de escolher é do nosso todo que separamos o que não nos agrada, mas que também faz parte da nossa identidade colectiva, da qual nunca estamos separados, mesmo acreditando nisso com os nossos olhos e emoções terrenas, materiais e limitadas.
O grupo sou eu e tu e todos os outros. O grupo é a nossa identidade única, de que todos fazemos parte e que nos leva, em primeiro lugar, a aproximarmo-nos dos outros, dos que nos completam como parte da alma colectiva que é o graal de todas as coisas.
Por isso, que sentido faz arranjarmos mais diferenças para justificar a separação, se o nosso único anseio é a comunhão e a totalidade, o contacto com o espírito eterno e infinito de que todos somos parte? Que sentido faz desligarmo-nos de alguém ou de outros grupos que reconheceremos, mais tarde ou mais cedo, que são o mesmo que nós?
Guerras santas e rivalidades são apenas uma forma de adiar o reconhecimento da plenitude, uma forma de apego ao material que temos o dever de reconhecer e erradicar como um obstáculo à felicidade.

sexta-feira, 26 de setembro de 2014

do delírio de abuso e extorsão

by DarkPhoenix36
Que diferença existe entre as abusivas práticas de ditadores e vilões universais da nossa história global e aquilo que hoje se faz contra os vulgares cidadãos? Que tem de diferente a implementação de medidas legais que permitem que estados e empresas a perseguição de pessoas que se vêem privadas de direitos elementares de defesa e de acesso a trabalho e bens essenciais por incapacidade de cumprirem com obrigações financeiras específicas, criadas e manipuladas pela voracidade de máquinas de enriquecimento imediato, alavancadas numa mentalidade de exploração desenfreada de recursos?
Existe realmente diferença entre monstros e ditadores que se aproveitaram e do poder para perseguir indivíduos e grupos de forma sistemática e os novos gestores e governantes que, na actualidade, usam a sua capacidade de pressão para legitimar práticas desumanas contra os indivíduos?
Com que direito empresas de fornecimento de bens essenciais como água, gás, luz e comunicações se arrogam abusos que comprometem o acesso dos cidadãos a um mínimo de conforto e satisfação, sem qualquer recurso imediato a mecanismos de defesa e protecção eficazes?
Que engenharia financeira legitima a perseguição telefónica e por email de pessoas que ao primeiro contratempo se vêem impedidas de renegociar empréstimos bancários e dívidas tributárias ou de segurança social (nome manifestamente desadequado para o conceito vigente de protecção dos direitos civis)?
Será que temos de aceitar como normal um comportamento que impede cidadãos menos privilegiados de trabalhar por não disporem de meios para pagar as elevadíssimas taxas que "legalizam" o seu direito e acesso ao trabalho?
Devemos considerar normal o abuso que permite aos estados e às empresas regalias completamente opostas e a utilização maciça de meios de coerção para a extorsão de qualquer quantia a que se arroguem o direito de cobrança?
Como se pode explicar que o estado conceda à autoridade tributária a capacidade de cobrança de dívidas a empresas exploradoras de concessões de auto-estradas, depois da massificação de portagens e exclusão de alternativas de acesso púbico gratuito?
O acesso a uma justiça rápida e eficaz, outro direito inalienável, também se distancia cada vez mais dos menos privilegiados e do cidadão comum. A inversão do senso comum e da humanidade a todos devidos é a regra, num regresso a eras de trevas que nada fica a dever a períodos de má memória como invasões, sistemas totalitaristas e ditatoriais, crimes contra a humanidade e outras aberrações.
Há quem diga que se vivêssemos em ditadura não poderíamos expressar livremente a nossa opinião e o nosso descontentamento. Mas até a livre expressão se tornou uma arma para quem hoje tem meios de identificar e conhecer os descontentes, manipulando o seu acesso a outros direitos.
Também se diz que não há comparação entre outras formas de ditadura e a democracia que ainda vigora. Na verdade, o que não há é escala, em graus ou níveis, para a maldade e o que não se deve fazer. Se está errado, é errado. A escolha é simples: ou está bem, ou está mal.
A invenção dos graus de maldade que podem ser legitimamente usados é uma infeliz desculpa do Mal. O Bem nunca prejudica ninguém e as leis de protecção dos direitos civis e humanos só se pode gerir por essa simples norma por legisladores e agentes de justiça de boa e normal intenção.
E fazer porque toda a gente faz nunca legitimou nenhuma prática. E é completamente anormal e ilógico que se exija de alguém que se atire para um poço só porque a desfaçatez legislativa e de práticas criminosas o permite. Além disso, deve ser possível condenar quem propagandeia tais coisas e coage outros à participação nesse delírio colectivo de extorsão e exploração global.

quarta-feira, 23 de julho de 2014

haja quem vos ature

Kyoto - MARLIES MERK NAJAKA
Do ponto de vista da honestidade do observador, por que haveria ser mais estranho aceitar um país de língua espanhola (castelhana -  eu se fosse aos castelhanos aborrecia-me a sério) na cplp, na mesma semana em que um tipo que foi despedido do cargo de primeiro ministro se anuncia como candidato à presidência da república?
Quase tão natural como dizer que o País é pouco produtivo e está em crise e até precisou da ajuda da troika, quando toda a gente sabe perfeitamente que ninguém empresta dinheiro a ninguém se não houver hipóteses de pagar, e muito caro. (Otários...)
Que haverá de estranho em ter um país corrupto a injectar dinheiro num banco gerido por corruptos, com o beneplácito de outros corruptos? Absolutamente, nada, claro.
Ao menos os tipos do país do espanhol (castelhano) ainda podem afirmar que o português vem do espanhol (não do Galego) e que por isso estão em casa. Isso até é lógico, mesmo que de forma retorcida e pouco simpática. Mas os nacionalismos são assim, uma espécie de discriminação que desune como o raio, mas que toda a gente acha elegante defender.
Também ninguém estranha o abatimento de aviões e consequentes actos de pilhagem em plena Europa do século vinte e picos, o continente que desenhou a civilização tal como a conhecemos. Que há para estranhar quando uns rufiões decidem que vão fazer o que decidiram e já está? Toca a sentá-los todos à mesa com os que não se consideram rufiões e bebem e comem com eles e depois dizem que assim não pode ser, mas continuam sentados com eles à mesa. Diz-me com quem andas...
Agora também rezam todos para que a chapada de criar bicho acabe na terra dita santa e em nome de dois deuses que provavelmente são o mesmo e não tem nada que ver com aquilo. Qualquer pretexto é bom para fazer uma birra e causar sofrimento, digam os livros sagrados o que disserem, que só se lêem as partes que interessam num dado momento, e mesmo essas de questionável veracidade, visto que ninguém se põe de acordo nestas alturas e a verdade tem a simples qualidade de servir a todos do mesmo modo, ou não é de todo a verdade.
Pode concluir-se que muito se teima neste diz que disse que só serve o equívoco e os impulsos para considerar que a mentira ainda continua a ser um meio credível para alcançar a paz, mesmo que a mais elementar coerência nos grite que a verdade e a paz não podem vir de erros, tal como a laranja não pode vir de um rasteiro feijoeiro.
Haja quem vos ature!

domingo, 20 de julho de 2014

o som e o pesadelo

«Ventriloquist» by Martin Wittfooth, New York
A engraçada noção que persistimos em manter do Verão associado a férias, descanso e à tranquilidade com que todos sonhamos é sistematicamente pulverizada pelas dezenas de festas populares, festivais e eventos com que, abusivamente, as autarquias e as grandes multinacionais bombardeiam tudo e todos, dia e noite, e já em todas as estações.
Péssimo investimento é comprar ou alugar casas junto dos locais habitualmente escolhidos para esse tipo de eventos, sejam eles citadinos ou de lugarejos que viram infernos durante a sua realização. Para esses casos não há lei do ruído que nos valha, não há prevaricadores, não há direitos.
Além de esmagarem a concorrência de qualquer agente cultural com os seus mega espectáculos ao preço da uva mijona ou totalmente gratuitos, impõem a sua versão de «alegria» e «vida em festa» a todos os infelizes que se lembrem de viver num raio de dois quilómetros do acontecimento.
Os motivos que levam os grandes decisores nacionais a flagelar toda a gente com este conceito de boa disposição pública só podem estar relacionados com os métodos de tortura mais corriqueiros de qualquer polícia secreta e repressiva, em que a privação do sono e da tranquilidade serviram para espremer vontades contra os direitos e os desejos dos indivíduos.
Será que a lei da causa e efeito proporcionarão aos responsáveis por este flagelo uma encarnação num mundo reduzido a uma gigantesca coluna de som a pairar pelo espaço?

domingo, 13 de julho de 2014

obediência




Autor do famoso poster de Obama, Hope, Farley começou como skater e a desenhar nas pranchas dos outros. Hoje comercializa roupa e posters, é um artista mainstream e insiste em questionar a obediência. E tu, obedeces?




sexta-feira, 11 de julho de 2014

quarta-feira, 9 de julho de 2014

o valor da arte

Toda a gente sabe que os artistas não têm onde cair mortos. Que o melhor é arranjarem trabalho, porque o que fazem não é classificado como tal. Só depois de mortos adquirem valor e são outros que arrecadam o fruto do seu trabalho.
Mesmo assim, o valor da arte transcende o material e supera-o em tudo. O material é do pó e ao pó volta. A arte, pelo contrário, é um labor do pensamento que, como o espírito e por lhe pertencer, tem a imortalidade como atributo máximo.
A capacidade de expor novos conceitos e transportar quem a observa faz da arte um caminho para a metade do pensamento que pertence ao amor, à verdadeira criatividade e ao que tudo transcende. Essas qualidade conferem à arte um valor incalculável, demasiado alto para causar o desconforto e a insegurança que fazem com que políticos e financeiros a remetam para o canto das actividades que nem merecem ser valorizadas.
Apesar disso, todos os materialistas se vão, como pó e a arte permanece, sempre com o inegável valor que tem, de pensamento livre e capaz de mudar outros pensamentos. E uma qualidade assim não se pode modificar, nem desaparece porque muitos se esforçam por a votar ao esquecimento. Ela existe e sempre existirá, a despeito de tudo e de todos.
Quem acha que a arte não é um trabalho falha estrondosamente no cálculo do valor da vida e está cego para a riqueza que ela comporta. Que não se mede nem pelos milhões que possa render depois da morte dos seus autores.

sexta-feira, 4 de julho de 2014

panem et circenses

Imagem daqui
A cultura transformada em ilusionismo é a prática política que mais popularidade ganhou nos últimos anos. Pão e circo (panem et circenses), com muito menos pão porque a finalidade é manter um reduzido número de patrícios e muitos dependentes.
Os impostos que todos pagamos, nem que seja apenas através das taxas aplicadas a todos os serviços, sempre contemplaram uma pequena parcela para a cultura. O Estado tem uma verba para a cultura, mesmo tendo acabado com o ministério correspondente. As câmaras têm verbas para a cultura.
A finalidade desses tostões era promover a cultura, ajudando os agentes culturais a criar os seus espectáculos e as suas formas de se expressar. 
Acontece que, com o dinheiro que é de todos, em vez de promover os agentes culturais, as entidades públicas criaram formas de se constituírem eles próprios em agentes da cultura. Sem aptidões próprias para isso e com a finalidade de fornecer o tipo de 'espectáculo cultural' que serve melhor os seus propósitos.
O país tornou-se, portanto, num grande palco em que os políticos são os supostos mecenas, enchendo praças, ruas e espaços culturais com as diversões que entendem. Tudo de graça, tudo para diversão do povo.
Os artistas e os verdadeiros agentes culturais, vêem-se dessa forma impedidos de competir com a cultura instituída, que é de borla e arrasa qualquer tentativa de produzir ofertas e mensagens em liberdade de pensamento e em nome da verdadeira cultura.
Enquanto o País pula de festa em festa, sacudindo as preocupações com bebida e luzes patrocinadas por grandes multinacionais, a livre escolha e o pensamento são erradicados da vida de cada pessoa, as alternativas suprimidas e toda a oferta fica sob o controlo dos políticos.
Açambarcar assim uma área de actividade devia ser objecto de investigação desse discreto organismo que dá pelo nome de Alta Autoridade para a Concorrência. Devia ser um crime público, para que qualquer um pudesse denunciar o abuso e a manipulação, uma vez que os artistas e os agentes de espectáculos jamais terão hipótese de financiar a seu favor o julgamento deste tipo de violação e abuso de poder.
Quando aceitamos a ideia de Estado e de Governo confiamos a representantes a nossa defesa, não a nossa alienação.

terça-feira, 1 de julho de 2014

love unique

love unique by rumoresdenuvens
Uma vez ocupado pelo amor, não há lugar para mais nada num coração ocupado pelo amor. Ele é o centro, o princípio e o fim de tudo. Love unique. Alfa e ómega, a plenitude, a alegria e a grande força por detrás de tudo.

segunda-feira, 30 de junho de 2014

sexta-feira, 27 de junho de 2014

maranghi femmes



Giovanni Maranghi nasceu em 1955, em Florença. Neto do pintor Alfonso Maranghi e filho de um marchand de arte, trabalha essencialmente a figura feminina. Estudou no Liceo Artistico e na Academida de Belas Artes da sua cidade natal. Aos 20 anos expôs em Bary, lançando uma carreira na Itália e no resto do mundo, como um dos artistas contemporâneos mais interessantes.
Membro da velha Paiolo di Firenze Company, uma associação cultural que nasceu em 1512, usa uma série de técnicas e estilos de pintura, incluindo colagens e materiais de moldar que levam muito tempo a produzir. As suas obras incluem pedaços dos blocos de notas, mapas, papel de fax e outros materiais sob a pintura.

quinta-feira, 19 de junho de 2014

os que partem

Imagem de MrLalle, daqui
Os que partem regressam ao seu estado natural, no espírito, em união com o todo. Regressam à liberdade, ao amor, à plenitude. Nesta ilusão que temos de uma realidade material, esse regresso é sentido em dor, esquecidos como estamos de que também somos eternos, imortais, luz e amor como os que aparentemente partem. Neste mundo, toda a separação é dor. Esquecemo-nos de que também fazemos parte do todo eterno e que até a separação temporária tem um fim. Lembremo-nos entretanto com amor do que aprendemos com os que vão, da primeira vez que os vimos, do afecto que nos suscitaram, do riso que partilhámos. Deixam saudades. Até breve.

(à Tamara, que partiu hoje)

quarta-feira, 11 de junho de 2014

a world of my own

imagem de MMF
Por momentos o mundo é só meu, habitado apenas por sons e por formas que vivem dentro de mim. Nessas alturas a sincronia é total, a tranquilidade e a felicidade indescritíveis. São instantes em que se entende o universo, a vida, o espaço e o tempo de uma só vez. Num único pensamento se gera toda a força e energia que conseguimos abarcar.

quinta-feira, 5 de junho de 2014

arte intensa

By NemO’s in Milano, Italy.
Hão-de querer arrumar-vos numa caixinha muito clean, embrulho perfeito e bonitinho, para massificação; apresentar-vos como animais de estimação lavados, escovados e bem treinados, para trotar em exposições; fazer todo o possível para mostrar como o vosso génio é polido, como um naco de carvão que vira diamante e perde o bruto para ganhar em faces muito lisas e adequadas aos olhos de quem mais aprecia o brilho do que a força que lhe dá origem.
Artistas e obras de arte são forças da natureza, ecos da realidade que não se molda a convenções. São jorros de verdade que se libertam pelas mãos de quem presta atenção ao que genuinamente importa na vida. Não sofrem de contenções impostas e antes aceitam o que a inspiração, o que é por direito inerente a toda a vida, lhes apresenta com generosidade. E retribuem de forma igualmente generosa, partilhando connosco a sua arte.
Intensa e de extremos é a obra destes xamãs dos nossos dias. Para eles não há meios termos e até a suavidade traz consigo uma intensidade insuspeitada. A vida é sempre curta para quem sabe que todos os momentos contam e que o fulgor não pode deixar de lhe pertencer.

liberdade do pensamento

foto daqui
Fechar os olhos e pensar num farto pequeno-almoço, de fruta, hidratos de carbono e café. A sensação de prazer é tão autêntica como estar à mesa a dar conta de uma pilha de panquecas e frutos. A diferença fica na sensação que se segue. O pensamento que nos faz sorrir de prazer e nos liberta em seguida para outras experiências. Ou o prazer que nos amarra à digestão e à consciência de um corpo que, encarado como uma realidade demasiado presente, nos limita. Qualquer das hipóteses se acarinha e se abraça como válida e enriquecedora. O prazer experimenta-se de muitas formas, mas a liberdade do pensamento jamais deixa de nos surpreender.

domingo, 25 de maio de 2014

o desconto

Não sei o que tanto enche de orgulho o partido 'ganhador' destas europeias à portuguesa. Pouco mais de 10% foi o resultado real da votação, no total de votantes inscritos. Menos do que algumas campanhas de promoção de bens de consumo e serviços. 
O importante aqui são os mais de 62 por cento que não votaram porque não acreditam na democracia apregoada pelos partidos. A falta de crédito e de vergonha de quem se arroga o direito de governar com uma minoria que não representa senão aqueles que ainda acham que ganham qualquer coisa por apoiar os lobbistas partidários.

terça-feira, 20 de maio de 2014

entrega

Catherine Ahnell
Voar sem receio algum numa explosão que nos arrebate, que nos lance como uma bala pelo desconhecido. Tal é o destino do amor. Da aceitação do que nos atrai, sem jamais sabermos onde vai dar. Não é para todos. Apenas para os que conhecem a extensão do arrebatamento, o sabor da corrida para o abismo, a exaltação até ao que parece quase uma loucura suicida mas é, simplesmente, a capacidade de entrega.

Ortega y Gasset e Cascais



palavras de Ortega y Gasset

"O acanalhamento não é outra coisa senão a aceitação como estado habitual e constituído de uma irregularidade, de algo que continua a parecer indevido apesar de ser aceite. Como não é possível converter em sã normalidade o que na sua essência é criminoso e anormal, o indivíduo opta por adaptar-se ele ao que é indevido, tornando-se por completo homogéneo com o crime ou irregularidade que arrasta." (Ortega y Gasset, «A rebelião das massas»)

que me faz lembrar o comentário do minoritário CC(*) de Cascais sobre o Plano de Pormenor de Carcavelos Sul -- também citou (**) Ortega y Gasset, mas só uma frase (***) mais conveniente do que esta (****)

(*) de 172 537 eleitores inscritos, votaram 65 549 e, no minoritário CC, votaram 28 004, o que dá 16,23% dos votos e não os 42,72% que as lista da CMC apregoam, contando apenas com os votantes, porque o resto não interessa; devem ser todos não-cidadãos...

(**) Em abono da verdade, diga-se que alguém o deve ter feito por ele pois, seguindo atentamente a agenda do executivo camarário que o edil publica em todos os meios electrónicos, com tanto corta-fita não há tempo físico para escrever tanto em tanto lado...

(***) [...]"Ortega y Gasset dizia que “um homem é ele e as suas circunstâncias.” Isto significa que nenhuma ação do individuo pode ser entendida fora de um contexto, de uma circunstância, de uma realidade cultural, social, económica, ou ambiental. [...] (in «Declaração Política da Coligação Viva Cascais sobre o Plano de Pormenor de Carcavelos Sul - May 8, 2014 at 1:07pm», por Carlos Carreiras, na sua página no Facebook)

(****) citação produzida por Carlos Carranca no FB, num contexto muito diferente deste.

domingo, 18 de maio de 2014

crimes públicos


Chegamos a uma crise quando as nossas prioridades foram de tal forma esquecidas e substituídas por valores tão opostos que realmente interessa, que o caos se avoluma à nossa volta.
A situação do projecto para Carcavelos Sul é um desses focos de caos, de erros e enganos que agora se traduzem na forma da pior das soluções que, mesmo assim, alguém tenta ainda justificar e validar, insistindo no erro, no engano, no caminho do caos.
Triste é também ver como alguém tenta validar o erro tendo como único argumento o ataque pessoal aos seus opositores, usando os seus alegados erros para justificar a sua má decisão, o seu mau governo, a sua ausência de soluções e a falta de imaginação, até para aproveitar as soluções apontadas por outros.
Porque o caos também vive em quem usa a sua posição privilegiada para o abuso dos que julga abaixo de si.
A desculpa com os erros alheios não honra ninguém. Pelo contrário, demonstra imaturidade pessoal, social e política, retratando uma acção ou reacção enfraquecida pela falta de convicção.
Como não honra igualmente ninguém o abuso de poder, traduzido na validação de projectos que desfiguram a linha de costa e absorvem os poucos espaços verdes que ainda existem.
Um dia, não muito longínquo, estes atentados poderão ser denunciados como crimes públicos e punidos com mão pesada, como o foram os crimes dos ditadores, que nunca acreditaram que a consciência pública fosse capaz de mudar a lei que protegia a sua impunidade.

sexta-feira, 25 de abril de 2014

abril, messias e medos: grão a grão, a revolução

foto daqui
Há quarenta anos uma reivindicação de capitães milicianos tornou-se numa grande revolução popular, hoje celebrada como uma data messiânica em que tudo se pode tornar possível. Enquanto as festas se multiplicam na rua, o grande irmão à portuguesa espreita na sombra os sinais de sublevação que orientam os medos de todos os poderosos: as mil e uma maneiras de serem atacados pelos não poderosos.
Abril tornou-se um novo natal de elevadas expectativas e muitas e garantidas decepções. Mais uma vez, a escolha de quem sonha se deposita num dia milagroso em que tudo pode acontecer. Juntam-se nas praças e nas ruas, pronunciam palavras de ordem como quem esconjura demónios e, no fim do dia, afogam sonhos em telenovelas e no território familiar das almofadas.
A revolução estaria em fazer todos os dias o esconjuro, à média de um pequeno gesto de protesto por dia que, multiplicado por dez milhões de portugueses, durante todos os dias do ano, daria nada mais, nada menos que 3 650 000 000 de úteis protestos anuais.
Um número assim tem significado. Respeitando, ainda por cima, a escolha de cada um no seu gesto de protesto diário. E imaginem os múltiplos medos provocados nos olheiros dos governos e das conspirações planetárias contra todos os sofredores deste mundo...
Abril, magia, esconjuro, juro que assim seríamos muito mais eficazes. Grão a grão, faríamos a revolução.

segunda-feira, 21 de abril de 2014

a consciência de Bruno



"A ordem e o poder da luz e das trevas não são iguais, pois a luz difunde-se e penetra as trevas mais profundas, mas as trevas não alcançam as mais puras regiões da luz.Assim, a luz compreende a treva, domina-a e conquista-a, através do infinito." - Giordano Bruno, 1591
A consciência do que é de facto a realidade custou a Bruno a sentença de morte pela igreja que devia disseminar essa mesma consciência. O medo e a sede de controlo têm levado a melhor sobre as religiões que, na ausência de fé nos seus próprios ensinamentos, transformam a vida no inferno que deviam evitar.

"Nós declaramos esse espaço infinito, dado que não há qualquer razão, conveniência, possibilidade, sentido ou natureza que lhe trace um limite." (Giordano Bruno, Acerca do Infinito, o Universo e os Mundos, 1584).
Uma sabedoria tão radical nos nossos dias como herética à luz dos conhecimentos da sua época. Mas o pensamento e a obra de Bruno está recheada de detalhes sobre a magnífica consciência que tinha da realidade:
"O mundo é infinito porque Deus é infinito. Como acreditar que Deus , ser infinito, possa ter se limitado a si mesmo criando um mundo fechado e limitado?" 
"Não é fora de nós que devemos procurar a divindade, pois que ela está do nosso lado, ou melhor, em nosso foro interior, mais intimamente em nós do que estamos em nós mesmos." (A ceia de cinzas, Giordano Bruno, 1583).
Giordano Bruno nasceu em Nola, Reino de Nápoles, em 1548. Morreu em Roma, a 17 de Fevereiro de 1600, queimado na fogueira pela Inquisição.


sábado, 19 de abril de 2014

outras nuvens

Foto ACD
Faltam-me outras nuvens, o outro universo que caminha a par do meu. Falta-me o abraço companheiro e a felicidade que me transmite. Num mundo exclusivo de farrapos espalhados pelo céu, é o breve encontro de outras nuvens que desenha o conjunto perfeito.

voo interno



Entender o corpo como uma ferramenta. Verde, vermelho, azul, branco, como quisermos. Instrumento para um voo dos sentidos e para a descoberta de muito mais. O infinito que começa em nós e se desdobra em pregas de espaços e tempos só imaginados por nós. Sou vento, sou voo, sou fogo solto pelos céus. Liberdades sentidas na vibração de uma corda, de uma voz, do fundo de nós. A vida, não como um labirinto, mas como uma nuvem que se estende, espalha e desfaz, encantada pelas paisagens que sobrevoa. Em sintonia.

terça-feira, 15 de abril de 2014

dores de Kusama



Um diferente universo criativo pode parecer-nos tão estranho e distante como uma outra dimensão, uma realidade que não nos toca. Mas vê-lo é reconhecê-lo, saber que ele existe e, por isso, fazer parte de nós. A energia e os conceitos de Kusama podem parecer-nos estranhos e, simultaneamente, familiares. Como estranha é a sua concordância em se fazer internar numa instituição psiquiátrica e, a partir de uma qualquer segurança aí estabelecida, continuar o seu trabalho de forma ainda mais espectacular e empenhada.
A dor presente parece ter-se transformado num motor de pesquisa e mudança, combustível para a sua produção artística.

segunda-feira, 14 de abril de 2014

sintonia



Há uma força infinita na contenção, na delicadeza, no saber esperar pelo momento certo para deixar fluir a energia que brota dentro de nós. A acção, a explosão súbita é apenas consequência de um culminar de energia, de preparação para um determinado bem. E não se compara com a plenitude ou a renovação proporcionada pela sintonia com a nossa fonte interior.

domingo, 13 de abril de 2014

did I make a beautiful picture?



"What concerns me when I work, is not whether the picture is a landscape, or whether it's pastoral, or whether somebody will see a sunset in it. What concerns me is - did I make a beautiful picture?" - Helen Frankenthaler (N. New York, 12 de Dezembro de 1928 - M. New York, 21 de Dezembro de 2011)
("O que me preocupa quando trabalho não é se o quadro é uma paisagem ou uma pastoral, ou se alguém verá nele um pôr do Sol. O que me preocupa é - fiz um quadro bonito?")

Fiz da minha vida uma coisa bonita? Senti-me feliz? Deixei-me inebriar pela cor, pela alegria, pelas experiências que surgiram no meu caminho? Tive a presença de espírito necessária para escolher a parte da minha vivência que é completamente real, em vez de me deixar arrastar pelas fantasias do medo? Fiz o que me apeteceu ou receei tudo deixei-me prender nos medos imaginários de um futuro que só existe na minha cabeça?
Viver com cor, com certezas, com possibilidades é o nosso destino. Não o do atoleiro da falta de fé e de confiança.

quinta-feira, 10 de abril de 2014

uma escolha basta

foto daqui
Gosto de dias de sorte e, portanto, das quintas-feiras, regidas por Júpiter e pelas suas alegrias. Esta quinta-feira li finalmente o texto de Alexandra Lucas Coelho sobre o país que não é de um presidente ou de um partido. E lembrei-me do mítico Peter Pan, que tem uma mensagem jupiteriana sobre o que é ou não nosso.
No mundo do rapazinho que não envelhece, vira-se as costas à bruxa má e aos pesadelos e eles desaparecem. Porque não se lhes prestando atenção, definham, perdem a força.
Seguindo este raciocínio mágico, que é afinal uma poção mágica e uma parábola encantadora sobre a forma como podemos livrar-nos do mal, às quintas-feiras (e nos outros dias) não vejo nem ouço notícias. Não presto atenção quando começam a falar na crise, nas doenças e noutras misérias. Erradico a propaganda do mal.
E não estou com isto a entrar num mundo de fantasia, porque o mundo é o que dele fazemos, fantasias incluídas. O mundo está na nossa cabeça e, se lá cabem terrores indizíveis relatados pela indústria de entretenimento em que se tornou o jornalismo mundial, por que não também dar lugar a algumas formas de felicidade criadas pela nossa vontade?
No fundo, toda a nossa vida se resume à escolha do que nos prende mais a atenção: o lado negro ou o nosso, colorido de acordo com as nossas cores? Porque a maior e a mais verdadeira ilusão é que a escolha não está nas nossas mãos, mas sim na de outros. Quando uma escolha basta para decidir o caminho que mais nos agrada, que mais tem que ver connosco.
Escolher o lado bom e amável da vida não é optar por fantasias e ilusões. É simplesmente negar aos outros o controlo da nossa vida através de fantasias e de ilusões que não nossas.
Uma escolha basta para conduzir a forma como vivemos pelas nossas normas e não as alheias. Quando aprendemos a valorizar mais o nosso bom senso e menos a falta que os outros têm dele, estaremos, como Peter Pan, a ignorar o lado mau da vida para, livremente, começar a viver a nossa.

quarta-feira, 9 de abril de 2014

'Street Findings', de Tim Madeira

Tim Madeira (foto: MMF)
Tim Madeira expõe hoje o seu trabalho Street Findings no Farol Hotel, em Cascais. Em colagens e pintura, desmonta restos de posters recolhidos das paredes onde foram colados e volta a montá-los em peças que são novos cartazes, moldados pela sua criatividade.
Os posters sempre me atraíram, dos mais básicos aos mais bonitos, aos eruditos, explica o artista. Não passa um dia que não arranque restos de posters das paredes.
Os restos que arranja, às vezes com centímetros de espessura, são espalhados na relva e descolados, em bocados que depois usa na montagem das suas obras.
Arquitecto de formação, Tim Madeira gosta de encarar a sua produção artística como um hobby.
Faço o que me apetece, quando me apetece, diz, enquanto mostra os restos de posters espalhados por um sofá de palha no jardim de sua casa, que é também o seu atelier. Nunca se ligou a galerias para poder trabalhar à sua maneira e sem compromissos limitativos.
Quando abordou o Farol Hotel para expor o seu trabalho, tinha consciência do contraste entre as coisas que cria e o ambiente sofisticado do local.
Entenderam o conceito muito bem, apesar de não ir lá expor telas muito bem emolduradas, tudo muito certinho, confessa, relatando os seus contactos com Ana Maria Tavares e Raquel Rochete, a directora e a relações públicas do espaço, que aceitaram a sugestão de Ana Mesquita para mostrar o seu novo projecto.

Tim Madeira (foto: MMF)
A empatia e as descobertas que vai fazendo orientam o seu percurso na vida e na arte. Não faz muitos planos, deixa as coisas acontecer e aproveita as oportunidades.
Nascido em Lisboa, em 1955, Tim Madeira pinta desde muito jovem. Queria ir para Belas-Artes, mas o pai convenceu-o a fazer arquitectura e a pintar nas horas vagas.
As colagens começaram por volta dos dezoito anos, com um quadro de imagens religiosas. Ganharam mais expressão com montagens que começou a fazer para um grupo de amigos que se reúne todos os anos no Museu do Arroz.
Comecei a juntar fotografias e outras peças, que junto numa só e depois corto em pedaços, um para cada pessoa, conta, ao mesmo tempo que mostra exemplos do que tem feito. Também fico com a minha parte.
Tim Madeira (foto: MMF)
A sua obra começou a captar o interesse do público com a montagem de candeeiros, peças únicas que vai compondo com diversos materiais.
Herdei um candeeiro da minha avó, que esteve cá em casa anos, sem lhe mexer. Um dia comecei a desmontá-lo e a juntar coisas de vidro, porque lhe faltavam peças e eu gosto de manter sempre alguma simetria nos trabalhos que faço. Pendurei-o em cá em casa, sem eletrificação, nem nada. Na altura não percebia nada de electricidade.
Um amigo pediu-lhe então para fazer uma peça do mesmo tipo para pôr na sua loja. Vendeu-se logo e foi o primeiro de uma longa série que criou reutilizando toda a espécie de materiais.
Tim Madeira (foto: MMF)
Tim Madeira confessa-se desassossegado. Trabalha muito e não gosta de passar um dia sem dar uma pincelada. Sublinha os momentos prazenteiros que resultam do que faz e sente que todas as suas peças carregam um pouco da sua alma, que nem sempre tem de se traduzir por palavras.
Essa forma de entrega, que tão livremente expõe nas suas peças, são com certeza uma das chaves do seu sucesso.
Acho que o meu percurso tem corrido extraordinariamente bem, confessa, com simplicidade, o artista que não gosta de ser vedeta.
Sempre que necessário, ele próprio monta as suas peças em casa de quem as adquire. Aproveita materiais que encontra e que lhe trazem e gosta de usar resinas e papéis à base de água, que não prejudiquem o ambiente.
O resultado é uma forma de expressão generosa e frontal, que não deixa ninguém indiferente. Tim Madeira tem uma força natural e uma visão única, que se mostra nestes Street Findings para ver até finais de Maio no Farol Hotel, em Cascais.
Tim Madeira (foto:MMF)







adoro as quartas-feiras

Imagem daqui.

As quarta-feiras são mágicas. Chegam cedo, como todos os dias, mas vêm mais fortes, mais decididas. Trazem uma luz diferente. Mercurianas, despertam-nos para coisas diferentes, inspirações inesperadas.
Têm o condão de nos transformar em pessoas melhores, se quisermos. De elevar a nossa alma a alturas que nunca experimentámos. De nos trazer realizações e sensações de grande plenitude.
Adoro as quartas-feiras.

domingo, 23 de março de 2014

duas histórias

Duas histórias - Marita Moreno Ferreira
Todos os sonhos têm duas histórias: aquela em que adormecemos e acordamos num local bonito e florido, onde a sensação de bem-estar excede tudo o achamos poder imaginar; e a outra, em que apesar da beleza que nos rodeia, uma qualquer dúvida nos oprime e nos afasta da felicidade.
A segunda parte está sempre lá; é a nossa condição humana. O segredo está em não fazer esforço algum para a rejeitar e gastar antes o nosso tempo na entrega à primeira história, que é a que vale a pena.

sábado, 22 de março de 2014

tão extremo

Sailing away from emotion - óleo s/ tela MMFerreira
Há dias em que a tempestade fica e nos arrebata. Tão bela que nem cogitamos afastar-nos dela. A promessa da acalmia é o suficiente para imaginarmos que tudo acabará forçosamente bem. E mesmo que isso não aconteça, é pelo tumulto que nos apaixonamos. Um momento de vida tão extremo que tudo lhe sacrificamos. 
(Terça-feira, 18 de Março)

sem limites

Ilustração MMFerreira - all rights reserved
Despertar para um sonho de cortar a respiração, encher os pulmões com a vertigem da emoção que se deseja, que se acarinha. Sentir o momento em que só existe o possível, o bom, a felicidade sem limites.

quinta-feira, 20 de março de 2014

nos próximos sete anos

Nos próximos sete anos quero encher-me de felicidade, daquela que me faça sentir prestes a explodir dentro de mim. Como se não tivesse nem mais um segundo, nem mais oportunidade de me sentir completamente feliz. Nos próximos sete anos quero entender tudo, sentir tudo, viver tudo. Quero ocupar o meu corpo, a minha mente e a minha vida apenas com o melhor, o mais perfeito, o inevitavelmente magnífico. Encher o peito de ar em golfadas, sentir sem limites, experimentar tudo como de estivesse em todo o lado, em todos os momentos.

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

ai o amor...




Ai o amor, ai a rosa, ai, ai... E quando não é assim, assado também não queremos que seja, nem que saiba a rotina. Nada menos que estes arrobos apaixonados tão bem trabalhados pelos Mecano a propósito de um poema de Gertrude Stein (a frase Rose is a rose is a rose is a rose escrita no poema datado de 1913, Sacred Emily, publicado em 1922 no livro Geography and Plays).Amores intensos e de intensas condições, embora Stein só quisesse dizer que as coisas são como são, muito menos teatrais do que podem parecer na boca e nas canções inspiradas pelas paixões fulgurantes. Tudo isto a propósito do dia dos namorados que amanhã se festeja e para o qual preparei três cartões: um para a pessoa que me faz sonhar com arrobos românticos, com a felicidade partilhada e com a grande aprendizagem do amor incondicional; outros dois para duas pessoas que nasceram uma para a outra e tardam a reconhecê-lo, na esperança que o meu ilusionismo replique a intenção certeira de uma das setas de Cupido. Amores à parte, fica a sugestão para ocuparmos o nosso dia de amanhã com a hipótese de um cataclismo interior mais interessante que as cortinas de más notícias com que se subjugam pessoas menos propensas a deixar que a fantasia e o sonho guiem as suas vidas.

terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

a sentir hoje

'Creative Growth' (imagem daqui)
A sentir hoje sensações como as ondas gigantes que o mar tem trazido e que podem muito bem ser um reflexo da energia que tem andado por aí à solta. Quem é que pode competir com a nossa força interior?

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

pequeno-almoço na cama

Imagem daqui
Pequeno-almoço na cama era o que vinha mesmo a calhar. Coisa ligeira, saborosa, aromática. A coincidir com uma data como a do dia dos namorados ou outra qualquer. Para ficar na memória e lembrar que existem momentos que são realmente difíceis de esquecer. Também se dispensa a louça fina, ou original. Nem o pequeno-almoço é essencial. Basta a companhia, o afecto, a sensação de andar nas nuvens ancorada a um abraço terreno. No final, é só mesmo a experiência que importa. E a expectativa de a repetir eternamente.

quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

arte e cachorros

O NAAAS (Núcleo de Apoio a Animais Abandonados de Sintra) precisa constantemente de padrinhos, voluntários e mecenas para os seus cachorros. Ideias não faltam e uma delas é organizar um leilão de obras de arte para angariar fundos para proteger os muitos animais que todos dias aparecem abandonados ou maltratados.
Todos os artistas que queiram participar no leilão, que vai realizar-se online e culminar na PetArt, uma festa-leilão para angariar todos os cêntimos possíveis para esta causa, podem contactar o NAAAS e pôr a suas obras à disposição.
Muitos artistas já ofereceram os seus trabalhos para dar força a esta iniciativa, mas os cachorros precisam de toda a ajuda que conseguirem mobilizar. Alguns deles, os mais doentes e velhos, já não têm hipóteses de ser adoptados. Por isso, há que garantir a sua alimentação e tratamento.
Aqui fica, portanto, o nosso apelo à gente generosa que sabe que também é cultura o respeito que devemos aos companheiros que não discriminam entre nós e a sua espécie, nem deixam de nos amar por não serem sempre correspondidos.
Doar obras de arte por esse amor incondicional é o mínimo que podemos fazer. Quem gosta de arte pode valorizar os objectos e a causa, procurando na próxima semana o leilão PetArt online.

quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

2014: génio e divindade

Imagem daqui: http://www.streetartnews.net/
Há beleza no caos, na criatividade que emana. Somos um pedacinho confusos, um bocadinho emaranhados, mas criamos como génios que se esquecem de que o são. Ou deuses com Alzheimer. Por vezes autorizamo-nos a deixar-nos levar pela corrente da nossa natureza e produzimos instantâneos do que somos. Que este ano seja um simples mergulho no nosso génio e divindade.