segunda-feira, 25 de maio de 2015

verão de alta temperatura

Freiria - 2015 (Foto: MMF)
Começou o tempo bom e não é preciso ser sábio nem bruxo para prever onde o termómetro vai subir este verão em Cascais. Com eleições à porta, os patrões municipais vão investir forte e feio nas actividades de feira e de alienação das massas, para que não se afobem os defensores de outros PDM e os que não se conformam com o mau caminho dado aos dinheiros públicos.
Porque é verão e ano de eleição, muitos serão os contemplados com trocas de votos por favores vários, promessas e outras diatribes em que já ninguém acredita. Mas a mira da recompensa imediata, contra a hipótese de recompensa nenhuma, é um ganho a muito curto prazo que serve perfeitamente os desesperados.
Música pimba e bebidas fermentadas são a primeira linha de infantaria contra a consciência do absurdo aumento das taxas municipais, a vista grossa às grandes empresas que dominam os bens essenciais a que todos temos direito, e afinal se tratam como bens de consumo de luxo, parquímetros nas praias do povo, enquanto os que os podem pagar frequentam as piscinas privadas, etc.
Estranho mundo este em que se tornou legal roubar desaforadamente o que a todos pertence, graças a um sistema eleitoral que há muito devia ter sido revisto para não permitir que umas dezenas de milhares governem impunemente a maioria, enquanto se desencoraja a participação, a literacia, a crença na justiça e a esperança.
Entretanto, um presidente de todos os portugueses promulga leis que favorecem as empresas de apenas um punhado deles (e de muitas multinacionais), e goza temporadas na residência de verão da Cidadela de Cascais, com absoluto desprezo pelas necessidades daqueles a quem jurou defender e proteger.
Outros propõem-se subtrair ainda mais às pensões dos poucos portugueses que sustentam três e quatro gerações de familiares desempregados, ou reduzidos a salários que nenhum organismo público fiscaliza como promotores de exploração, pobreza e novas formas de escravidão e sujeição, a pretexto de desequilíbrios gatunos promovidos pelos mesmos.
São estas figuras e funcionários por nós pagos que esperam, numa qualquer viagem mental alucinada, convencer os eleitores de que continuam a merecer os seus votos. Por quanto tempo, não se sabe, pois o verão ameaça ser de alta temperatura em muitos sectores.
Cascais, com a sua vocação de concelho modelo para o resto do País, não escapará certamente a estas conjunções de irresponsabilidade e negação dos prováveis resultados práticos desta bandoleirice política.
No fundo, todos os portugueses e cascalenses sabem que merecem mais, e que são mais do que a massa anónima e amedrontada que os seus pseudo-dirigentes acreditam que podem manobrar indefinidamente a seu belo prazer.
Todas as ditaduras são a termo certo e esta em nada difere de qualquer outra, em género ou resultados.

quarta-feira, 6 de maio de 2015

o abuso dos gigantes


Na passada semana fui pagar uma conta de electricidade à EDP de Cascais. Tirei uma senha, esperei, fui atendida e eis que, para pagar, me mandam para uma máquina. Como não existe anúncio prévio de que se tira senha e se espera para depois se fazer o que tem de ser feito numa máquina, não se entendendo sequer a existência de funcionários ao balcão que depois têm de sair do seu posto para fazerem as operações pelas pessoas, e antevendo ainda as dificuldades de gente sem aptidões informáticas e/ou com idade para ver a sua vida facilitada e não complicada por uma qualquer empresa que o entende conveniente para si, mas não para os seus clientes, pedi o livro de reclamações.
A funcionária atendeu prontamente o meu pedido, escrevi a reclamação, preenchi todos os dados que me eram pedidos e devolvi o livro. Eis que a funcionária saca de um post-it amarelo e pede o meu número de contribuinte. Neguei-me a fornecer-lho, visto que o livro de reclamações não mo exige.
Hoje, para meu espanto, liga-me uma outra funcionária da EDP, soit disant, uma vez que utilizou um número de telemóvel da NOS, a pedir-me de novo o número de contribuinte. Razão alegada: a reclamação não pode seguir porque não tenho conta aberta na EDP e precisam dos meus dados para tal...
Em que momento a EDP ou qualquer outra empresa recolhe os dados do livro de reclamações e os utiliza para enriquecer a sua base de dados, com um cheirinho a ameaça velada no caso de alguma coisa dar para o torto?
Quantas pessoas caem nesta armadilha das empresas que se sentem todas-poderosas e não gostam de perder de vista quem contra os seus abusos reclama?
Não há vergonha, não há honra, não há honestidade, não há estado de direito para quem sofre este tipo de bullying. Que terá a ERSE a dizer ao gigante chinês que decide quem liga e desliga os interruptores?
Imagino o que passam idosos e outros cidadãos menos protegidos em Cascais e no resto do País. Talvez seja altura de mostrar que existe um David para cada Golias...