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quarta-feira, 27 de setembro de 2017

coragem, ditam elas

foto daqui
Isabel Magalhães​ e Gabriela Canavilhas​, na arruada que, segundo as más línguas, quase nem aconteceu. Entre outras alegações de escassa veracidade.
É o que acontece quando o patrão de vários órgãos de comunicação social entende que pode imiscuir-se no poder local e apadrinhar uma candidatura. Apesar de serem mais do que notórios os seus efeitos nefastos na qualidade de vida da terra em que cresceu. E a despeito do clima de terror criado para quem não alinha no compadrio local.
É por essas e por outras que se tentou sempre que o jornalismo não se deixasse contaminar pelos encantos do poder, e que constituísse, por si só, o quarto poder: com capacidade para investigar e informar sobre tudo com credibilidade e honestidade, de forma a manter uma coexistência equilibrada para todos.
Ainda vivi num tempo em que pude admirar a capacidade de um cidadão construir um império de imprensa e de televisão. Alguém assim devia ter algum valor. Enganei-me.
Verifiquei que o excesso de bens materiais se sobrepõem, ao fim de algum tempo de alguns vícios de comportamento, ao respeito pela vida, pelos outros e pelo futuro de todos os nossos descendentes.
A vergonha extinguiu-se e essa é a única justificação para o tratamento que a informação se julga no direito de pôr por escrito e dito. Uma mão cheia de rapazolas deslumbrados e influenciáveis são o suficiente para fazer contra-informação (esta sem graça, nem humor) e lançar boatos.
É de uma profunda tristeza verificar que já não existem homens e mulheres de bem que defendam o jornalismo pelo que deve ser. Milhares de carteiras profissionais estão silenciadas pelos salários de fome de que dependem. E pela vontade sem vergonha dos patroezinhos e novos-riquinhos. 
Com todo o respeito, chegou a altura do surpreendente Plutão, em viagem por Capricórnio, lhes mostrar o que é realmente responsabilidade, frugalidade e parcimónia na gestão dos recursos que são de todos e que a todos se impõem.
Valham-nos as mulheres como a Isabel e a Gabriela, que contra ventos e marés, resistem aos naufrágios e aos escolhos que lhes põem no caminho e insistem em mudar alguma coisa. É desta coragem que precisamos, não da flacidez e da flatulência de quem não larga as cadeiras do poder.

quinta-feira, 21 de setembro de 2017

bem plantar para melhor colher


Não voto, não dou confiança a esses palermas, disse-me alguém. Esses palermas decidem o que podes ou não fazer, que qualidade tem a tua vida, quando é que te reformas e se vais ter protecção e justiça quando precisares dela, pensei.
De que estamos a falar afinal? De comer menos batatas fritas ou mais fruta e salada? De ter filhos, escrever livros e plantar árvores? Ou de tudo isso como se fosse apenas um comentário de café, só para fazer conversa, só para mostrar como conseguimos ser deliciosamente nonchalant até com coisas sérias?
Votar é depositar uma semente na terra e esperar que cresça e dê frutos. É uma relação que se estabelece com a organização da nossa vida. É uma questão e uma acção séria, que deve ser tanto mais ponderada quanto a importância que acaba por ter em toda a nossa vida.
Não é um kleenex que se descarta, nem um concurso de caras e figuras para escolher como num álbum de fotografias: esta gosto, esta não gosto, esta é mais ou menos.
O nosso voto vai para pessoas que ficam obrigadas a tomar contada nossa casa, da nossa integridade, da nossa segurança. Alguém entrega isso a estranhos, gente menos confiável ou deixa a sua casa à mercê do acaso? Do voto dos outros?
Tanto descontentamento não merece já alguma atenção e acção? De que valem a lamúria e a raiva se não motivarem acções para a mudança? Se há tanto para protestar, por que não se faz alguma coisa para mudar?
Chega o momento em que é preciso ser coerente e prático. Em que nos levantamos para fechar a maldita torneira que pinga há anos e nos dá cabo da paciência e do orçamento.
Deixem de fingir que não se importam, porque tudo o que se houve é o que todos sabemos que está mal. Mas onde estão as pessoas dispostas a dizer que vão votar porque chegou a altura de mudar realmente alguma coisa?
Cascais foi um dos três concelhos com maior abstenção nas últimas autárquicas. Querem ver que a vocação desta terra é para a criação de avestruzes de cabeça enterrada nas dunas?

segunda-feira, 11 de setembro de 2017

o triunfo dos homenzinhos

© rumoresdenuvens 2017
Já não há homenzinhos desagradáveis de lápis azul a riscar letrinhas no papel. Tornaram-se obsoletos, substituídos por gente muito mais importante: donos de pretensos órgãos de comunicação social que partilham a estranha crença de que são donos de tudo. São igualmente desagradáveis e homenzinhos, mas usam bons fatos e as unhas tratadas, em vez de roupa modesta e cinzenta e mãos sujas de tinta de impressão. 
Há quem diga que são poderosos porque podem, porque são de organizações secretas e obscuras, de partidos políticos influentes, ou empresas milionárias, ricos de nascença, porque têm amizades influentes, ou se associam ao grande capital, etc.
Até pode ser tudo isso, mas a verdade é que estes homenzinhos não são é pessoas de bem. Acreditam que umas quantas oportunidades e muitos mais atropelos lhes conferem direitos e privilégios que ninguém tem.
Por exemplo: decorre a pré-campanha eleitoral mais discreta de que há memória desde os tempos da ditadura. São autárquicas, mas o menino bonito das televisões é um ex-primeiro ministro, talvez pela grande escassez de ideias e argumentos que lança para o éter, enquanto visita locais em que não se passa nada.
Será a era dos telejornais das alforrecas? Da matéria gelatinosa, pegajosa e falha de conteúdo? Salpicada com muitos incêndios e borrascas, que parecem vir de encomenda para a abertura dos noticiários... O Crime, o Correio da Manhã e o 24 Horas fizeram, afinal de contas, escola e sucesso, apesar do desprezo público a que foram votados pelos mesmos jornalistas que hoje os copiam.
Voltando à eminente campanha eleitoral, sem menção de nota pelos serviços noticiosos, limitam-se a um o outro debate cuja finalidade é dar alguma vantagem aos candidatos favoritos dos donos de tudo isto. Mesmo assim, escasseiam, não vão os visados conseguir estragar, mesmo assim, a fraca imagem que já trazem como bagagem.
Todos os outros desapareceram do mapa, à excepção dos cartazes nas rotundas e das arruadas organizadas localmente e jamais relatadas.
São tempos de um estranho protagonismo desses homenzinhos tão bem sucedidos que até temem a própria sombra. Tempos de censura que nem o Estado tem coragem de denunciar. Ditaduras na surra, para ninguém comprometer e não comprometerem ninguém.
É triste observar como a elite dos nossos dias é afinal um montinho de gente pequenina e com medo de ser politicamente incorrecta, uns trumpinhas que nem cortes de cabelo ridículos se atrevem a usar. Aprenderam a deletar os outros a coberto dos teclados virtuais e outras tecnologias de ponta, mas na vida real não há ponta por onde se lhes pegue.
Neste momento o seu maior atrevimento é dissolver uma campanha eleitoral e esperar que cinco mil votos sejam suficientes para manter a legalidade da governação da minoria. 
Até marcam jogos de futebol televisionados para o dia das eleições, para garantir que os poucos prospectivos votantes ainda acordados sejam convenientemente distraídos dos seus direitos e deveres. Mais valia oferecerem livremente bolinhos de maconha a toda a população no dia de reflexão antes do acto eleitoral.
É a censura dos homenzinhos, mais uma vez, e não há quem nos acuda. Desta vez estão em todo o lado, como um vírus extreminador. Sem vacina preventiva.

a importância de se chamar Gabriela

Gabriela Canavilhas

O defeito imediato que se lhe apontou à cabeça foi o de não ser de Cascais e, portanto, de não conhecer o território que se propõe governar. Gabriela Canavilhas provou rapidamente que há contras que são, afinal, vantagens: nada tomando por garantido, estudou a fundo o concelho, visitou-o, rodeou-se de quem vive e conhece a região, falou com muita gente e avançou com segurança com propostas que assume como compromissos.
Neste momento, Gabriela conhece melhor o concelho do que a maioria esmagadora dos cascalenses, que vive trancada nos transportes e nos empregos fora do concelho durante o espaço em que entra e sai de casa. 
Como mulher, constantemente menorizada pela condescendência com que os candidatos masculinos descartam a importância dos adversários do sexo 'fraco', recusa o papel de vítima e não se atrapalha no que exige dos seus rivais. Afinal, é uma discriminação perigosa, a demonstrar que há quem não tenha pejo em exibir publicamente a falta de respeito que tem por metade da população votante.
Gabriela Canavilhas sabe perfeitamente que os seus direitos não estão ameaçados apenas porque um punhado de de indivíduos acredita que as velhas crenças hão-de ajudá-los a manter indefinidamente uma ordem que exclui os interesses de todos em favor de alguns e desonra todos os valores meritórios de humanidade e serviço aos outros.
Porque é de serviço aos outros a proposta que traz para a mesa do governo de Cascais. E após dezasseis anos de maquinações partidárias do mesmo sinal na nossa terra, nem o ónus da ligação aos grandes interesses económicos lhe podem apontar. Emerge assim duplamente capaz de atacar os problemas de raiz com que o concelho se depara.
Gabriela, par feminino do arcanjo mensageiro dos Céus que esteve presente em todos os momentos prenunciadores de uma grande viragem para a Humanidade, é neste contexto a anunciadora das mudanças que, de uma forma ou de outra, ocorrerão em Cascais. 
Pois caso vos tenha falhado um dos seus belíssimos lemas de campanha, pelos velhos mapas não se chega a novos destinos, é fácil perceber como Gabriela Canavilhas abraça a mudança de paradigma (modelo ou padrão a seguir) de que tantos falam e tão poucos entendem, ou fazem tenção de pôr em prática.
Uma nova mentalidade e uma nova atitude são exigências mandatórias para os líderes actuais. Já não há complacência possível para com quem anuncia maravilhas e produz aberrações. 
Gabriela, como artista que é, tem a tenacidade e o ânimo necessários para, nestas circunstâncias aparentemente adversas, acreditar que nada está perdido quando estamos dispostos a recomeçar em qualquer altura.
Como alguém habituado a criar e a confiar no seu instinto, não lhe é difícil imaginar um Cascais completamente diverso do actual. Muito diferente do que é possível na imaginação de quem limita a criação a novas tabelas de taxas municipais e à crença de que se pode abusar impunemente dos cidadãos, em vez de os servir.
A cultura e a boa educação fazem diferença num cenário de jogo viciado em que tudo se reduz, há anos, a impulsos básicos de sobrevivência. De um lado dirigentes demasiado preocupados em manter os seus poleiros que pouco mais conseguem fazer; por outro, uma população votante massacrada por contas astronómicas e uma vida muito diferente da que mostram os anúncios sobre a qualidade de vida da região.
Nem os ricos disfrutam Cascais. Entram e saem ao ritmo das fanfarras popularuchas criadas à imagem e semelhança de quem dirige os tristes destinos da nossa terra. Aos restantes cabe a penosa tarefa de pagar cada vez mais pela estada numa zona de embustes e de banha da cobra televisiva.
Gabriela Canavilhas pode não ter eco nas televisões que apoiam os poderosos por serem dos poderosos. Mas sabe que não são esses que pagam com o seu esforço diário o estilo de vida cascalense.
Sabe que há pelo menos mais uma centena de milhar de votantes com vontade de mudar o que os outros vinte e sete mil impuseram nos últimos quatro anos. Tem uma visão para Cascais que não é um simples avancamento descontrolado.
É com o coração e com muita inteligência que se propõe mudar o que entristece e revolta o coração dos cascalenses. Que as boas obras inspirem o seu trabalho e o futuro de quem delas possa e queira beneficiar.


terça-feira, 5 de setembro de 2017

Circo, circo, circo, disse ela

Circo, circo, circo, diz ela (foto daqui)
O debate sobre as eleições autárquicas em Cascais, emitido ontem pela TVI24, teve um único protagonista: Judite de Sousa. Apresentou-se como a jornalista moderadora da conversa entre os candidatos às próximas eleições no concelho mas, de facto foi a encenadora de um dos mais tristes espectáculos alguma vez vistos em televisão.
Começou por convidar apenas três dos candidatos, ignorando os outros sob um qualquer pretexto de exclusão que entendeu não ter obrigação de explicar aos telespectadores. Foi a sua primeira infracção das regras democráticas e do código deontológico dos jornalistas.
Em igual desrespeito do mesmo código, que deve ter assinado para obter a sua carteira profissional e exercer legalmente o ofício jornalístico, numa encenação descarada e de cariz inegavelmente propangandístico, separou o actual presidente e candidato dos outros inervenientes, conferindo-lhe um destaque que fere todas as regras de igualdade e tratamento.
Não contente com as suas más e indevidas acções no exercício de um métier que merece respeito e, desta forma, desonra todos os seus colegas e evidencia falta de respeito pelo seu público, a senhora Judite de Sousa inicia a apresentação dos candidatos pelo actual presidente, vindo no final a atribuir-lhe o fecho das intervenções.
A mesma senhora encarregou-se, durante todo o debate, de interromper sistematicamente os dois candidatos da oposição, nunca o fazendo com o "seu eleito", dando-se mesmo ao trabalho de interpelar os entrevistados e fornecer respostas em seu lugar, proporciando um tristíssimo espectáculo televisivo e pessoal.
Mais do mesmo despudor antidemocrático foi o descarado resultado das respostas do actual edil, que fez questão de manifestar publicamente a condescendência com que mima os seus adversários, desvalorizando-os permanentemente como pessoas de fraco entendimento e eternamente ignorantes das realidades do concelho.
O mesmo desrespeito demonstra na sistemática ocultação da actividade autárquica passível de contestação, dificultando de diversas formas o acesso da oposição e dos cascalenses em geral à informação a que tem direito sobre as grandes decisões respeitantes à sua terra, ignorando o respeito que deve a quem lhe paga para governar e não para abusar sistematicamente do poder que lhe confere o cargo.
Bem estiveram os outros candidatos, pelo contraste imposto pela enferma prestação de Judite e do seu protegido. Mesmo não tendo beneficiado de tratamento justo ou igual. O mal condena-se a si mesmo e não vale a pena explicar esta verdade basilar a quem não tem meios de diferenciar os conceitos de certo ou errado.
Quanto à triste protagonista deste episódio, deveria ver a sua conduta analisada pela alta autoridade competente e o seu título profissional revogado pela mesma ou pelo respectivo sindicato. Prestou um serviço lamentável e passível de justificada condenação.
Ficámos também a saber, em Cascais e no País, que a comunicação social não tem vergonha de privilegiar o poder e de vender a pretensão democrática como uma desavergonhada propaganda. O mal está à solta e, pelos vistos, desesperado por uma vitória a qualquer custo.
Circo, circo, circo, disse ela (Judite, mulher de duvidosas qualidades).