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terça-feira, 21 de julho de 2015

contraste

Jumble of bikes, by Mike Rubbo

"Contrast is the difference in luminance or color that makes an object (or its representation in an image or display) distinguishable. In visual perception of the real world, contrast is determined by the difference in the color and brightness of the object and other objects within the same field of view." [https://en.wikipedia.org/wiki/Contrast_(vision)]

O contraste é uma experiência, uma escolha que se impõe quase permanentemente. Até à exaustão, ao ponto de não o desejarmos mais. Mas não é o contraste que cansa. É o julgamento que dele fazemos, a não aceitação e, portanto, a falta de capacidade para o receber. 
Sem ideias pré-concebidas, o contraste é uma fonte de inspiração, uma reciclagem de energias. Sem ele, a nossa visão perde o interesse, acinzenta-se e cai em depressão. 
A norma, que ninguém sabe o que é e que não passa de um conceito elaborado a partir de uma noção de ordem/limites que nos reduz, estabelece o confinamento do contraste, sugerindo que o exagero é negativo, que nem oito nem oitenta, que há uma fronteira da qual não se deve passar. Pese embora o facto de nunca alguma vez se ter visto uma fronteira, a não ser a dos copos de água e de outros recipientes para conter porções de qualquer coisa, todos sabemos que a porção faz parte de um universo sem limites e sempre em expansão. 
Confunde-se, sem base lógica real, a experiência do contraste como nefasta sem exagero, sendo que o mesmo se aclama quando aplicado a determinadas buscas, mas não a outras.
A universal mania de estabelecer limites que são aceitáveis nuns casos e noutros não é apenas um reflexo de ideias que se impuseram como verdades, mas que mudam e evoluem com grande desprezo pela qualidade absoluta da verdade: a sua incontestabilidade total.
Aceitar que alguns contrastes são mais aceitáveis do que outros é admitir que a verdade pode mudar e deixar de o ser, em vez de reconhecer que os limites que nos impomos não podem ser verdadeiros, apenas porque a verdade é ilimitada.
Nada, além das fronteiras ou prisões criadas dentro das nossas mentes, nos impede de corrigir os nossos conceitos e voltar ao gozo gratificante dos contrastes.