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segunda-feira, 30 de agosto de 2010

silêncio que estou a ler


Eram momentos sagrados, os do pequeno-almoço tomado em silêncio, a ler banda desenhada. Às vezes lanches, outras vezes, o prazer de ler com uma taça de papa misturada com leite condensado.
Durante anos, o meu avô materno coleccionou todos os suplementos de banda desenhada dos jornais portugueses, que enviava para as netas, em Moçambique.
A recepção daqueles pacotes era um momento alto das nossas vidas. A mãe Aida abria a encomenda à nossa frente, para não se perder nada. E decretava a seguir o ritmo a que se consumiria aquela leitura.
Uma vez por mês chegava também o caixote dos livros, encomendados numa livraria da Beira. E mais uma vez se repetia o ritual. E a distribuição das leituras.
Os livros foram sempre tantos que, ao sair de Moçambique, houve que tomar a dolorosa decisão de lá deixar quase tudo. A doação à biblioteca de Inhambane aliviou um pouco a separação. Mas confesso que me custou deixar as pilhas de banda desenhada para trás.
Já voltei a Inhambane e à biblioteca, mas os livros não estavam lá. E os leitores pagam 5 meticais para levantar livros. A parte dedicada aos livros ocupa agora uma sala do edifício alocado à polícia.

quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

estradas de sol

Estrada I'bane/Barra (Moçambique, Setembro 2006)



Estradas de sol!
São feitas para mim,
são feitas, que eu sei.
Mas lá donde vim,
Não as encontrei.
Estradas de noite,
que não procurei!
Mas foi por estradas
da noite, isoladas,
que eu aqui cheguei.
Estradas de bruma
acaso as sonhei?
Para aqui chegar
quantos véus rasguei!


Natália Correia