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domingo, 25 de abril de 2021

abril justo

 

"Abril Justo" by MMF

Devíamos estar todos sentados na relva, num parque, a sentir uma brisa calma e a fruir os benefícios da Revolução de Abril. A navegar suavemente nas benevolências da democracia e da justiça para todos. E a sentirmo-nos felizes como quando realizamos uma paixão.
Em vez disso angustiamo-nos com a possibilidade de alguns fazerem mau uso da liberdade e, à boa maneira dos porcos triunfantes, aproveitarem para reivindicar a razão da força para os seus desejos menos idílicos.
Em defesa dos factos, a escolha e a capacidade de alterar a realidade a que agora assistimos como um desfecho possível e indesejável, é a mesma que permitiu Abril de 74 e a mudança significativa nas nossas vidas desde então.
O sistema é justo e funciona para qualquer lado. Os sonhadores devem contemplar simplesmente a possibilidade de agir bastante mais em prol da manutenção das suas adoradas utopias. Sonhos vigilantes e concretizados no dia-a-dia deixam menos espaço a pesadelos totalitários.
Ter por garantida a felicidade é não entender nada da natureza das coisas. É como não abrir o guarda-chuva durante as primeiras gotas da tempestade.
Este mundo é um calvário de trabalhos e é preciso aprender a gozar as alegrias da participação activa nos sonhos. Acabar o dia com a satisfação de o ter passado a depositar mais um tijolo na fundação certa é a garantia de que o amanhã nunca nos parecerá desanimador.
Viva Abril e a sua justiça.

quarta-feira, 12 de setembro de 2018

a podar é que a gente se entende

"alive and free"
A simples verdade é, que para nosso descanso, gostamos de podar tudo à nossa volta. Não suportamos a exuberância da variedade e preferimos domar os ramos que escolhem caminhos diferentes da ordem que consideramos aceitável.
Depois queremos muito ter mais escolhas, mas vamos eliminando as que achamos estar a mais, sem gastar um momento a ponderar se não estarão defronte dos nossos olhos para alargar o nosso leque de possibilidades.
Julgamos mas depois queixamo-nos imenso de que nos ceifam as escolhas. Fazemo-lo todos os dias e não admitimos que a redução é posta em prática, em primeiríssima mão, por nós. A responsabilidade atira-se, irresponsavelmente, para os outros, para o exterior, para a rua. 
Como se não bastasse essa cegueira auto-imposta, ainda levamos a loucura ao ponto de deixarmos que um grupo de ceifeiros manipule uma entidade estatal, também da nossa responsabilidade, que todos os dias se ocupa a criar regras de normalização que nos transforma a todos em embalagens do mesmo tamanho, com o mesmo peso e códigos de barra para nada falhar ao seu controlo.
Que triste imagem temos de nós mesmos e que catalizador exponencial é o menorizante conjunto de regras que admitimos para a interacção social.
Em contacto com os outros, admitimos, relutantemente, uma mão cheia de regras de funcionamento, qual delas a mais manietante. Dentro nós ainda vamos sonhando, mas com os outros temos regras de calabouço e é assim que nos sentimos em sociedade.
Em vez de aproveitar o ímpeto de possibilidades que uma maior liberdade, bem educada, nos concederia. 

sexta-feira, 17 de agosto de 2018

liberdade e vacas

"jovita, the cow" by Marita Moreno Ferreira
Descendo um dia de carro pela lisboeta Avenida da Liberdade, ao abrir de um sinal amarelo, parei conscienciosamente e aguardei que o vermelho desse lugar ao verde. A condutora de trás não apreciou a minha escolha e, de rompante, muda de faixa, pára ao meu lado, abre a janela e grita: "Vaca!"
"Onde?" pergunto, girando a cabeça de um lado para o outro à procura do bovino.
A condutora respondeu com murros furiosos na buzina, provavelmente para desimpedir a via do indevido uso pelo animal.

quinta-feira, 19 de julho de 2018

fruo, logo também existo

"fruição"
O dever antes do prazer é uma daquelas frases que parecem talhadas para os dias de hoje, em que a obsessão pela prova de que se trabalha até cair, que se dá às criancinhas tudo o que elas querem e não querem, que não há tempo para mais do que as obrigações. Em que todo o mérito se resume a cumprir os objectivos traçados por uma imensa máquina de propaganda (ou entretenimento) que acredita piamente que se não metralhar as suas aparentes verdades a uma cadência alucinada por segundo, morre na praia.
Claro que morre. É só apreciar a caótica trumpada que para aí anda. A amálgama de disparates e desconcertos que é, afinal, prova bastante que o dever sem equilíbrio é mortal para o indivíduo, para a sociedade e para o planeta. Para todo o universo, provavelmente.
O prazer não existe para ser alvo da nova inquisição que determina que apenas os festivais pop ou populares é que são aceitáveis. E que tudo o mais tem uma norma e uma conformidade traduzível num código de barras e no consentimento da maioria.
Esse afunilamento voluntário da riqueza interior de cada um, de soluções diferentes, de atrevimentos que fogem à adamastoriana organização das sociedades, tão cega como uma máquina sem condutor, é uma tristeza de deveres sem cérebro, sem alma e sem vida. Sem prazer.
A aprendizagem da fruição tornou-se uma tarefa quase ilegal, quando não sujeita às modas vigentes. O tempo não lhe é favorável com tanto dever subjacente ao que serve a tal maioria decapitada que governa os ditames do que parece ser conveniente e aceitável.
Qual o sentido de uma vida inteira a trabalhar os deveres para chegar aos prazeres prometidos, se tudo se esgota na primeira parte, sem intervalo nem segunda parte e final feliz?
O caminho do meio parece impossível no pouco inteligente enredo colectivo que acredita que todas as boas soluções passam pela adição imparável de mais e mais obrigações, mais e mais normas, mais e mais trabalho.
O equilíbrio é impossível quando nos inclinamos todos para o mesmo lado uma balança que tem o seu fiel ao centro. Nesta visão do funcionamento de todas coisas afogamo-nos permanentemente em derrocadas e a única resposta em que insistimos é mais do mesmo para ver se endireitamos o barco. Mas o naufrágio é o único cenário evidente.
A fruição, o prazer é o outro prato da balança. Existe não para ser desacreditado e desvalorizado, mas para nos devolver o equilíbrio. Através da criatividade que nos inspira, da satisfação com que nos invade e preenche, de um novo olhar sobre todas as coisas.
Nem só de pão vive o homem e não faz mal nem é pecado saltar uma refeição para ler um livro, ouvir música que não se limite a martelar como uma máquina, passear o olhar pelas artes ou explorar a natureza sem ser na pele de carneirinhos amestrados, com auto-nomeados pastores a decidir que temos todos de caminhar ombro a ombro pelas mesmas veredas que milhões de outros.
A nossa vida devia ser inteligentemente dividida em dever e prazer, durante as nossas horas vigilantes. Com uma saudável dose de desconfiança por esses bulldozers do entusiasmo do trabalho libertador que tanta gente interna em campos de duvidosa finalidade.
A fruição também liberta e não deve ser controlada pelo extremismo fanático que escraviza a vida num cemitério de obrigações inadiáveis.

quinta-feira, 7 de junho de 2018

essencial e fútil



A sorte do que nos calha em sorte é a única coisa que temos. Às vezes é uma sorte madrasta, outras inacreditável. Velinhas a navegar ao vento, é o que somos, dançando com muita sorte ou de nariz torcido ao malfadado destino.
Fazer sentido é o mesmo que não fazer sentido nenhum, visto que no maior desenho das coisas, invisível ao comum mortal, o resultado certo nunca é a meta provável. Somos cientistas frustrados, a bater às cegas a todas as portas, a experimentar sem verdadeiro conhecimento de causa.
Somos remendões surrealistas, a pôr a fé em genialidades inesperadas e a alterar a realidade sem qualquer consciência do resultado da acção. Sempre a teimar na honestidade, na correcção, no carácter dos nossos feitos como motivos únicos e inabaláveis.
É um exercício fútil na pretensão do conhecimento verdadeiro, mas essencial para alguma mudança. No fundo, o derradeiro curso possível. Muito aquém das certezas de pedra e cal vendidas ao desbarato por uma educação louca e orientada no sentido contrário da impermanência de todas as coisas.
Vivemos como se pudéssemos caminhar sobre a água de um oceano demasiado vasto para a nossa compreensão. Como jogadores viciados, repetindo e insistindo no erro de não tentar um jogo diferente.
Afinal, abraçar a liberdade de forma absoluta é uma visão tão apocalíptica (reveladora), que o refúgio no fracasso é a única certeza aceitável.

sábado, 2 de junho de 2018

como um peixinho

da série "Fishy Things"
Sentir-me como um peixinho na água, ao sabor da corrente e do que faz bem à alma. Nadar contra a corrente quando necessário para medir forças com o sentido contrário das coisas ou testar a nossa força e resistência. Nadar é preciso, boiar descansa e descomprime, aproveitar a força da água para aumentar a velocidade da vida. Fazer a viagem em modo consciente das necessidades individuais, mesmo no meio da multidão. Sentir a frescura da água, a facilidade com que se molda às circunstâncias e a coragem com que segue em frente sem se perder em minúcias e dúvidas. Mergulhar é bom, a entrega à força maior do mar é uma aventura. O que interessa o amanhã se o momento é avassalador de vida e entusiasmo? A toda a velocidade, como um peixinho ou um simples pensamento.

segunda-feira, 7 de maio de 2018

que medo é esse afinal?

"Mundos" by MMF

Podemos dizer o que quisermos, teimar olhar para o Sol através de uma peneira, que a verdade é só uma: em conjunto não nos sentimos jamais capazes de ser livres. Fazemos o impossível para nos mostrarmos como os outros, inventar formas e mais formas de sermos exactamente o que os outros são, e de lhes agradar como se não existíssemos. 
Parecemos não saber como viver a nossa individualidade e, quando não são os outros a assaltar-nos com os seus julgamentos, é a culpa que nos impomos que nos amarga a existência. 
De que temos medo, afinal? De sermos fiéis a nós próprios? De deixar ir a dependência e de aproveitarmos de uma vez o que gostamos e somos, sem necessidade dos outros? Por que nos queixamos de solidão no meio de multidões? E por que não conseguimos perceber que o que nos falta é viver a nossa individualidade e que esse é o nosso derradeiro propósito?
Temos tempo para gozar a nossa unicidade a um outro nível, e desperdiçamos a liberdade desta vida, que nos permite passar por experiências únicas. No final, todas elas contribuem para o caldeirão comum, mas esta é a oportunidade real de que dispomos para desenvolvermos a nossa criatividade da forma que melhor nos serve.
Em vez disso, falhamos miseravelmente por nos impedirmos de pensar por nós próprios e atendermos às nossas verdadeiras necessidades. Que medo é esse, afinal, fantasia mórbida que nos paralisa, desanima e nos arrasta pela vida sem noção do ânimo que temos e nos recusamos a manifestar?

domingo, 15 de novembro de 2015

(des)vantagens do terror

"Guernica" - Pablo Picasso

A pergunta necessária é: quem beneficia com o terror? A resposta lógica dificilmente será a do extremista perseguido e abatido pela polícia, por forças especiais em grutas miseráveis e isoladas, ou por drones comandados por satélite. Nem sequer os alegados estrategas e financiadores apanhados na controladíssima rede fiscal e bancária do planeta.
Portanto, quem beneficia realmente com a propaganda do terror. Serão extremistas, sim, mas os que têm em mente o controlo absoluto de pessoas e bens, esses em cuja ilusão o poder é uma propriedade muito acima do que o seu corpo e a sua vida alguma vez poderão gozar.
O cidadão comum é apanhado na rede do medo induzido, que o fará concordar com as medidas extraordinárias de uma restrição cada vez maior das suas liberdades, em nome de uma guerra santa que não é sua, mas de quem apenas deseja acumular mais poder e riqueza.
As guerras nunca foram santas, até porque as duas palavras, em perfeita lógica, se contradizem. Ou se tem uma guerra, ou se tem a santidade. E, como já dizia Giordano Bruno, a batalha entre a luz e a escuridão tem um desfecho lógico e inevitável, pois a luz acabará sempre com a escuridão, sendo a contrária impossível.
Os imperadores do poder e do terror sonham, por isso, com uma glória muito aquém das suas possibilidades. O que fazem tem instantes contados, mesmo que a sua crença contrarie as leis fundamentais do universo.
Graças aos extraordinários meios de comunicação que lhes proporciona a tecnologia, a sua propaganda chega à maioria esmagadora dos habitantes do planeta. A grande ópera mundial da tragédia está sempre disponível e a ser alimentada. O que pode ser mais importante do que um grande perigo, um alerta internacional, um acidente de proporções gigantescas?
A consciência de que há vida além da tragédia aparece ofuscada. Mas é uma chama que não se apaga. Enquanto estamos vivos podemos sempre recuperá-la e restabelecer a luz e a lógica das nossas propostas.
Os grandes senhores, como a escuridão, têm instantes contados e, depois deles, a vida segue. A ópera deixa cair o pano e podemos regressar a casa para o sossego das nossas rotinas.
Mais ainda: há um instante também para o terror atingir o seu ponto máximo e provocar uma reacção de sentido inverso em cada um de nós. O excesso de propaganda acelera todos os dias esse sábio mecanismo de defesa em todos os nós.
Há vida além do terror e todos nós o sabemos. O momento em que assumimos isso conscientemente é que difere um pouquinho de pessoa para pessoa. Mas vamos sempre a tempo.



quinta-feira, 2 de abril de 2015

Michel Houllebecq e o extremismo dos média



David Pujadas (22 Heures) faz desta entrevista uma espécie de inquisição ao trabalho do escritor. Ao que parece, ser um autor de grande sucesso obriga o romancista Michel Houllebecq a justificar todas as "intenções" da sua ficção.
Nesta sociedade obcecada com o controlo das ideias, o "grande jornalismo" perdeu de vista a sua vocação original para assumir o papel das grandes tendências deste século: ao indivíduo é exigido que se retrate sempre que se afasta da ideia decidida pelo establishment, enquanto aos políticos e figurões dominantes se sugere, timidamente, que nos elucidem sobre as suas determinações.
David Pujadas não ouve o entrevistado, ignora sistematicamente as suas respostas, tendo logo de início estabelecido que Michel Houllebecq gosta de ser polémico, e durante as suas intervenções, tem o cuidado de olhar com frequência para a câmara e assegurar que ele é a estrela da entrevista e que as suas palavras são dominantes durante a mesma.
Truques de algibeira para desacreditar o papel do escritor e a sua obra, que é uma das mais lidas actualmente. David Pujadas chega ao ponto de confundir o autor com asa suas personagens, como aquelas pessoas que, na rua, abordam os actores das telenovelas e os confrontam com os defeitos e qualidades das suas personagens.
Triste espectáculo o desta entrevista, em que o escritor é acusado de dar um presente a Marie Le Pen, com a publicação do seu último romance "Soumission", lançado este ano. Mal se ouve a resposta de Michel Houllebecq, afirmando que nem considera o "extremismo" descrito como tal.
Na realidade, ninguém está interessado em saber as razões do escritor quando tenta dar veracidade às suas personagens. O importante é convencer os seus leitores de que é um extremista e impedir os futuros leitores de comprarem a sua obra ou, fazendo-a, que a leiam sem os preconceitos do regime instituído.
No fundo o establishment sabe que o domínio das ideias é o único e verdadeiro poder, sendo pois de extrema importância condicionar o pensamento de todos através de conceitos que não são, nem inteligentes, nem verdades universais, mas apenas castradores e consubstanciadores do verdadeiro extremismo e do verdadeiro terror: a ideia de que as ideias têm de ser limitadas e que a violação deste facto constitui um perigo e, portanto, um crime.
O extremismo limita e, nesse aspecto, a ordem mundial a que estamos sujeitos é de uma castração ímpar. Michel Houllebecq pensa tão livremente quanto pode, escreve da mesma forma e, como muito bem diz, o que as pessoas pensam é com elas. E não há regime que possa impedir esse facto, embora as tentativas sejam muitas, repressivas e a maior tolice de que um ser humano é capaz.

quinta-feira, 20 de junho de 2013

sede

Under the light (oil on canvas) - Marita Moreno Ferreira
Debaixo de água e a sentir sede. No sítio e no momento certo e não perceber. Mas sempre a sentir sede de tudo, de mais, de vida até não ser suportável.
Há um torpor nesta nossa vida que não se entende, que quase não se vence. Há uma ideia de querer viver que nos impede de fazer isso mesmo. Uma vida que se tem e que se vive, mas que parece sempre, sempre que podia ser diferente.
E pode, se abandonarmos o pensamento para nos rendermos ao que nos está a acontecer. À sede que nos arrasta e nos consome, apesar da resistência. Temos medo do rio, da corrente, da força das ondas, da vertigem, da queda livre, de um clímax, quando tudo o queremos é justamente isso.

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

qualquer dia...



Já não se pode dizer que se é ateu sem que nos caia metade do mundo em cima. Parece mal dizer ao vizinho do lado, que descobriu Jesus recentemente e foi miraculosamente atacado por uma surdez que o impede de ouvir outros argumentos que não os seus, que não se acredita em entes superiores. Também já não se diz nada quando, na rua ou numa loja qualquer, alguém de turbante ou com um cruxifixo ao peito aproveita para nos esfregar na cara todos os milagres e benesses de uma vida religiosa. Evita-se abrir a boca quando se sabe que alguém é deste ou daquele credo, sob pena de incorrer numa discussão malsã e indesejada, se a outra parte descobre que não pertencemos a nenhum credo, seita ou grupo evangélico. Já nem se contestam em voz alta a regressão dos direitos humanos a que se sujeitam as mulheres que aderem a cultos na esperança de assim preencherem um pouco mais as suas vidas já privadas de certas regalias.
Como é que se diz a uma pessoa religiosa, que o facto de ela aceitar um dogma não implica que toda a gente seja obrigada a fazer o mesmo? Como é que se explica que a palavra "não" tem o mesmo significado num caso de violação sexual e num de violação de direitos?
Como é que, de repente, por se ser religioso, se pode ser intolerante para todos quantos não o são?
Que deus mesquinho e mal disposto aponta para quem nasceu descrente de outras forças que não a sua e escreve pela mão de outros que esse ser humano deve ser perseguido e privado dos seus direitos essenciais, em nome de um punhado de religiões que riscaram a liberdade de expressão dos seus catecismos?
Que deuses serão estes que supostamente conduzem os seus fiéis a abusos de poder em seu nome e lhes dão carta branca para inomináveis atitudes que esses mesmos fiéis jamais aceitariam para si?
Que medo é este que se gera nos nossos dias quando alguém diz que não acredita na bondade desses deuses e é capaz de silenciar as mesmas vozes que defendem direitos e liberdades e conquistas sociais que tantos sacrifícios exigiram para se atingirem?
Por que é que ninguém diz que um escritor tem o direito de não acreditar num determinado deus e até de ter uma opinião sobre ele, sem que isso o torne numa vítima de quem dele discorda?
Porque, se a divindade se espelha nesta gente que a representa, então livrai-nos da salvação...