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sexta-feira, 25 de abril de 2014

abril, messias e medos: grão a grão, a revolução

foto daqui
Há quarenta anos uma reivindicação de capitães milicianos tornou-se numa grande revolução popular, hoje celebrada como uma data messiânica em que tudo se pode tornar possível. Enquanto as festas se multiplicam na rua, o grande irmão à portuguesa espreita na sombra os sinais de sublevação que orientam os medos de todos os poderosos: as mil e uma maneiras de serem atacados pelos não poderosos.
Abril tornou-se um novo natal de elevadas expectativas e muitas e garantidas decepções. Mais uma vez, a escolha de quem sonha se deposita num dia milagroso em que tudo pode acontecer. Juntam-se nas praças e nas ruas, pronunciam palavras de ordem como quem esconjura demónios e, no fim do dia, afogam sonhos em telenovelas e no território familiar das almofadas.
A revolução estaria em fazer todos os dias o esconjuro, à média de um pequeno gesto de protesto por dia que, multiplicado por dez milhões de portugueses, durante todos os dias do ano, daria nada mais, nada menos que 3 650 000 000 de úteis protestos anuais.
Um número assim tem significado. Respeitando, ainda por cima, a escolha de cada um no seu gesto de protesto diário. E imaginem os múltiplos medos provocados nos olheiros dos governos e das conspirações planetárias contra todos os sofredores deste mundo...
Abril, magia, esconjuro, juro que assim seríamos muito mais eficazes. Grão a grão, faríamos a revolução.

quinta-feira, 10 de abril de 2014

uma escolha basta

foto daqui
Gosto de dias de sorte e, portanto, das quintas-feiras, regidas por Júpiter e pelas suas alegrias. Esta quinta-feira li finalmente o texto de Alexandra Lucas Coelho sobre o país que não é de um presidente ou de um partido. E lembrei-me do mítico Peter Pan, que tem uma mensagem jupiteriana sobre o que é ou não nosso.
No mundo do rapazinho que não envelhece, vira-se as costas à bruxa má e aos pesadelos e eles desaparecem. Porque não se lhes prestando atenção, definham, perdem a força.
Seguindo este raciocínio mágico, que é afinal uma poção mágica e uma parábola encantadora sobre a forma como podemos livrar-nos do mal, às quintas-feiras (e nos outros dias) não vejo nem ouço notícias. Não presto atenção quando começam a falar na crise, nas doenças e noutras misérias. Erradico a propaganda do mal.
E não estou com isto a entrar num mundo de fantasia, porque o mundo é o que dele fazemos, fantasias incluídas. O mundo está na nossa cabeça e, se lá cabem terrores indizíveis relatados pela indústria de entretenimento em que se tornou o jornalismo mundial, por que não também dar lugar a algumas formas de felicidade criadas pela nossa vontade?
No fundo, toda a nossa vida se resume à escolha do que nos prende mais a atenção: o lado negro ou o nosso, colorido de acordo com as nossas cores? Porque a maior e a mais verdadeira ilusão é que a escolha não está nas nossas mãos, mas sim na de outros. Quando uma escolha basta para decidir o caminho que mais nos agrada, que mais tem que ver connosco.
Escolher o lado bom e amável da vida não é optar por fantasias e ilusões. É simplesmente negar aos outros o controlo da nossa vida através de fantasias e de ilusões que não nossas.
Uma escolha basta para conduzir a forma como vivemos pelas nossas normas e não as alheias. Quando aprendemos a valorizar mais o nosso bom senso e menos a falta que os outros têm dele, estaremos, como Peter Pan, a ignorar o lado mau da vida para, livremente, começar a viver a nossa.