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segunda-feira, 17 de agosto de 2020

sopros

 

"belonging" by MMF

A lembrança de que pertencemos a este mundo de uma forma que não estamos habituados a considerar. É o que acontece numa inspiração, durante uma meditação. Inspiramos e recuperamos a memória do que nos liga a esta vida. Um sopro, do qual cuidamos levianamente. Que nos esquecemos de cultivar.
De algum modo, a respiração é o que nos liga a este mundo, que só não é mais estranho porque ele também existe na dimensão da mente. E da construção que dele fazemos com as nossas experiências, emoções e sonhos.
Queremos acreditar que este mendo existe além de nós e isso até é verdade, porque somos sete biliões de mentes a construir a sua realidade simultaneamente. Num jogo em rede que ainda não se consegue replicar em simples softwares de aparelhos electrónicos.
Como é que se pode imaginar a tremenda ligação entre todas as mentes enquanto se dedicam a tempo inteiro à construção dos seus mundos individuais? Com é que se pode ter uma ideia da louca variedade de conceitos e experiências a que se entregam? Ou às decisões a que conduzem?
E este mundo em que andamos, a ser moldado pela teia de impulsos que originamos? Ou como a ponta do iceberg num universo que se acredita infinito?
Estaríamos cansados de tão imensa falta de limites quando decidimos vir para um insignificante planetazinho e viver uma experiência tão diferente? Ou não se, como se diz, em baixo como acima. Lá voltamos nós às teias que se misturam interminavelmente.
No final, haverá mesmo paz para a fadiga de quem assim guerreia?

quarta-feira, 10 de junho de 2020

dia de Portugal a cores

"Green, Red and Yellow Hearts" - MMF
Achei muita graça aos Lusíadas, apesar de ter tido de me habituar à leitura rebuscada do texto em verso. As histórias assaltavam a minha imaginação, embora só uns anitos mais tarde, rendida às delícias da ficção científica, tenha percebido o verdadeiro potencial do clássico.
Na altura, a professora encarregada de nos revelar as maravilhas camonianas era uma goesa de Moçambique. Um vislumbre da riqueza ainda menosprezada do caldeirão das raças alimentado pelos portugueses. Mesmo nos momentos mais segregacionistas dos regimes passados, o dia-a-dia de muitas raças juntas era uma prova inequívoca de que o mundo não era necessariamente branco, ocidental ou mesmo masculino.
A cor branca, já que trazida à baila, é a junção de todas as cores e é a cor que reflete todos os raios luminosos, não absorvendo nenhum e por isso aparecendo como clareza máxima. Andamos todos às escuras quando gritamos contra "poderes brancos" e a replicar conceitos que, afinal, entendemos com muito pouco entendimento.
A confirmar-se que todas as raças descendem da negra, então é que a porca torce o rabo e se destroçam os argumentos extremados de algumas gentes. Podia até escrever-se mais um poema épico sobre esses filhos descoloridos que se indignam com as cores dos seus egrégios papás.
A indignação tem duas faces, como as moedas. Numa delas é a legítima recusa de circunstâncias injustas. Noutra, apenas um muito feio reflexo de medos treinados em nós por outros. Enfim, as moedas também se trocam.
Bom dia de Portugal e de Camões, que via mais com um olho só do que muitos outros, mesmo com os mais correntes olhos virtuais. Bom dia das Comunidades e muita paz, à laia de vacina contra exaltações avulsas.

segunda-feira, 24 de dezembro de 2018

nas alturas


Hosana nas alturas, ou como só as aves poderão apreciar cabalmente este voo sobre todas as coisas, que pode perfeitamente ser a viagem espiritual que temos de imitar para pôr certas coisas em perspectiva. Valha-nos portanto Santa Abacate, que apesar de terrena, está perfeitamente de acordo com as mais avançadas tendências vegan. E se disso tudo ainda tirarmos outros adoçamentos, melhor. Portanto, Boas Festas e excelentes voos, é o que vos desejo. 

segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

espíritos iluminados

'Christmas Fun' - pen on paper (105x149 mm)

Este ano o Festival das Luzes (Hanukkah) calha a 25 de Dezembro. Nos dias escuros de inverno, acende-se todos os dias uma vela para iluminar o mundo. Jesus também veio para trazer uma nova luz à nossa visão da vida. 
Nicolau, o bem-humorado Pai Natal, desperta a nossa boa disposição e esperança nos sonhos. Como crianças, acreditamos mais nesta altura. Renovamos o espírito da luz e deixamos que nos lembre a fé no potencial da vida.
Partilhamos refeições e presentes com os amigos e a família. Damos e recebemos. Aceitamos, ou permitimo-nos receber, essa luz que procuramos todos os dias, as ideias e os sonhos que perseguimos durante a vida. Descobrimos, no último mês do ano, que é de novo possível alimentar esperanças e deixarmo-nos inundar por essa parte do nosso espírito que mantém a luz acesa dentro de nós.
Lembramo-nos, uma vez por ano, do verdadeiro sentido da vida, do amor que se expande sempre e que tudo torna possível. É a inspiração que nos transporta para um novo ciclo a transbordar de possibilidades e escolhas diferentes.
Uma luz que não se apaga, mas que se esquece quando nos deixamos embalar pela parca e árida visão materialista do mundo. Por que não acabar e começar este e o próximo ano mantendo a nossa chama acesa?
Boas Festas, espíritos iluminados.

quinta-feira, 6 de outubro de 2016

excessos e conflitos

Fotografia de Maria Isabel Mota
O conflito nasce sempre da noção que temos de estarmos separados. Como indivíduos, como corpos diferentes, é difícil lembrarmo-nos de que pertencemos todos à mesma consciência, ou ao mesmo material divino, poderoso e ilimitado.
Quando o conflito surge, o alerta é para a demonização que estamos a fazer do outro, ou dos outros. Não nos vemos como indissociavelmente ligados, a outra escala, e que a beleza está em, apesar da possibilidade da experiência pessoal, não deixarmos de ser um.
A extrema identificação com alguma coisa é sempre uma limitação. Um clube de futebol, um país, uma região, uma raça, uma religião, têm balizas definidas que as separam das outras coisas. E nessas balizas não cabem mais do que alguns pormenores.
É um erro confundir algumas identificações com o potencial ilimitado de que dispomos. E essas identificações excessivas, pouco dispostas à maleabilidade, é que suscitam o conflito. 
Assim como as rochas que, com a sua aparência de invencibilidade, se sujeitam à erosão de ventos, águas e areias, também sofremos na pele o desgaste dos limites que nos impomos. No final, como as rochas, desfazemo-nos no pó e no resto dos elementos, voltando à natureza que nos deu corpo, mais uma vez parte indissociável do todo.
Devíamos entender o conflito como a nossa resistência ao entendimento do nosso papel no conjunto das coisas. E ter a coragem de alterar de imediato a nossa postura, para eliminar o sofrimento e o desgaste em que nada se ganha.
Pensar ainda que, como consciência colectiva, não é só a nós que prejudicamos com os nossos limites. Como uma infecção, contaminamos tudo à nossa volta. Inocentes, espectadores passivos e quem participa do conflito. Todos perdemos.
Evitar o conflito é assumir que os resultados jamais serão os que esperamos, uma vez que não há acordo possível. Não será então mais inteligente prescindir dos limites excessivos e rendermo-nos a uma paz sem sofrimentos adicionais?

segunda-feira, 5 de setembro de 2016

paz


A paz é um direito. A ser reclamado com insistência. Só em paz somos capazes de recuperar a nossa lucidez e a nossa experiência de uma vida sem o massacre constante de grupos de pressão apoiados pela propaganda a que indevidamente se chama hoje informação. Paz para usufruir de um tecto, de um trabalho, de uma refeição, de experiências mais felizes. Não é tudo, mas é o princípio essencial para se atingir o resto.  

quarta-feira, 5 de agosto de 2015

o assédio e a outra maneira de ver

imagem daqui

O assédio, ou o medo em todas as suas versões (incluindo a da raiva e a da reacção não assertiva), tornou-se o valor-guia de todas as interacções. Mesmo buscando desesperadamente por alguma coisa diferente, pouca gente se lembra da gentileza e do seu poder, de que a partilha é um acto de amor e que a sua prática o dissemina. Afinal, ovelha mansa mama do seu e do alheio.
Há outra maneira de ver as coisas, é possível sentir e agir de forma diferente. Mas quanto é que estamos dispostos a investir nisso e desistir das vinganças, das razões do nosso umbigo, do orgulho e da teimosia para apostar na tranquilidade e na boa relação com tudo e todos?
Trabalho de buda, de santo, dirão. Mas é uma escolha, se não suportamos mais o conflito e as suas devastadoras consequências na nossa vida. 
Achar que ainda aguentamos, que temos de aguentar, quando tudo já se desmoronou à nossa volta, quando já somos incapazes de olhar em volta com uma centelha mínima de esperança, é suicídio, não coragem.
A bravura está aqui em desistir do sistema louco e caótico que nos impõem e permitir que outros valores, que outras ideias tomem o lugar das que nos enlouquecem. 
Somos capazes disso? Estamos suficientemente esgotados para permitir finalmente que uma sensação de alívio nos preencha e dê os primeiros passos para restabelecer a paz dentro de nós? Queremos realmente isso?
Acho que queremos. Apenas não sabemos ainda como. Há que fazer a pergunta. Abrir a janela e gritar: como é que faço, como é que me livro deste sistema de pensamento que me sufoca? 
Tem de haver outra maneira de ver as coisas. E há.






quarta-feira, 23 de julho de 2014

haja quem vos ature

Kyoto - MARLIES MERK NAJAKA
Do ponto de vista da honestidade do observador, por que haveria ser mais estranho aceitar um país de língua espanhola (castelhana -  eu se fosse aos castelhanos aborrecia-me a sério) na cplp, na mesma semana em que um tipo que foi despedido do cargo de primeiro ministro se anuncia como candidato à presidência da república?
Quase tão natural como dizer que o País é pouco produtivo e está em crise e até precisou da ajuda da troika, quando toda a gente sabe perfeitamente que ninguém empresta dinheiro a ninguém se não houver hipóteses de pagar, e muito caro. (Otários...)
Que haverá de estranho em ter um país corrupto a injectar dinheiro num banco gerido por corruptos, com o beneplácito de outros corruptos? Absolutamente, nada, claro.
Ao menos os tipos do país do espanhol (castelhano) ainda podem afirmar que o português vem do espanhol (não do Galego) e que por isso estão em casa. Isso até é lógico, mesmo que de forma retorcida e pouco simpática. Mas os nacionalismos são assim, uma espécie de discriminação que desune como o raio, mas que toda a gente acha elegante defender.
Também ninguém estranha o abatimento de aviões e consequentes actos de pilhagem em plena Europa do século vinte e picos, o continente que desenhou a civilização tal como a conhecemos. Que há para estranhar quando uns rufiões decidem que vão fazer o que decidiram e já está? Toca a sentá-los todos à mesa com os que não se consideram rufiões e bebem e comem com eles e depois dizem que assim não pode ser, mas continuam sentados com eles à mesa. Diz-me com quem andas...
Agora também rezam todos para que a chapada de criar bicho acabe na terra dita santa e em nome de dois deuses que provavelmente são o mesmo e não tem nada que ver com aquilo. Qualquer pretexto é bom para fazer uma birra e causar sofrimento, digam os livros sagrados o que disserem, que só se lêem as partes que interessam num dado momento, e mesmo essas de questionável veracidade, visto que ninguém se põe de acordo nestas alturas e a verdade tem a simples qualidade de servir a todos do mesmo modo, ou não é de todo a verdade.
Pode concluir-se que muito se teima neste diz que disse que só serve o equívoco e os impulsos para considerar que a mentira ainda continua a ser um meio credível para alcançar a paz, mesmo que a mais elementar coerência nos grite que a verdade e a paz não podem vir de erros, tal como a laranja não pode vir de um rasteiro feijoeiro.
Haja quem vos ature!

segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

em paz

Foto: MMFerreira - Templo Budista de Sintra
Fechar os olhos e ficar em paz. Nada real pode ser ameaçado. Nada irreal existe. Nisso está a paz de Deus. (Um Curso em Milagres - Helen Schucman)


sexta-feira, 31 de maio de 2013

silêncio

Foto Robert Rabbin
Não há convulsão no silêncio. Quando chega o momento, é para lá que me retiro. Fora do alcance do ruído e do caos, só a liberdade se sente. Só paz, só felicidade. Bem-aventurados são os que cultivam o silêncio e não se sentem na obrigação de acompanhar a agitação e a comoção alheia.

quinta-feira, 21 de março de 2013

da paz

Não gosto de extremos. Comunistas e fascistas sempre tiveram para mim o contra do totalitarismo. E eu sou pela liberdade. Também não gosto de monárquicos porque acho que ninguém precisa de se pôr em bicos de pés se tiver uma boa auto-estima, nem acredito que o nascimento conceda outros direitos do que os de existir em igualdade de termos com toda a gente. E gente que acha que sabe, pensa ou pode mais do que os outros é sempre um triste espectáculo e exemplo de si mesma. Abomino igualmente o terrorismo e a pena de morte. Não me sinto obrigada a concordar ou a participar de nenhum deles e espero nunca estar na circunstância de ter de o demonstrar. Perante a escolha de matar ou sofrer a morte, espero ter a força de espírito necessária para abraçar o meu fim sem ter de passar pelo tormento de condenar outra pessoa a isso. Não gosto de extremos, mas entendo os contrastes e contra as atitudes radicais sugiro os limites, de preferência os pessoais, que são o único território natural de quem existe. Procurei sempre a paz, mesmo quando incapaz de agir em coerência com a sua experiência. Sou tranquila, mesmo quando a paixão parece sugerir o contrário. Quem me lê com honestidade sabe bem quem sou.

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

a verdade

A verdade é que não sou, nunca fui e não tenciono ser extremista. Nem sequer de esquerda ou de direita. Nem centrista. Nem nada que alguém me chame e que não tenha pés nem cabeça.
Bem sei que é difícil perder o hábito de chamar nomes às pessoas. Mas não é impossível. É um processo de aprendizagem e posso debitar sobre isso porque, a certa altura da minha vida, compreendi que etiquetar pessoas é chamar-lhes nomes, muitas vezes assim como quem diz palavrões. E a partir daí engajei-me no processo de parar de chamar coisas aos outros. Até a mim.
Por isso, quando me chamam extremista, só têm razão no sentido em que procuro levar as coisas tão longe quanto possível, quando me parece bem e meritório.
Já de esquerda ou de direita, centro, lateral, etc., talvez haja de facto idades em que tudo tem de ser mais 'sim ou não' para todos nós. Mas não cresceu a sério quem não consiga admitir que esquerdas e direitas e outros flancos têm todos os seus méritos e os seus deméritos.
O importante é ver o bom nos outros e compreender que quanto mais bons, mais hipóteses de lhes encontrar os respectivos inversos. Mas é assim a vida, um pacote de opostos que nos ensina a beleza de escolher e do livre arbítrio.
Já na política, que é o assunto a propósito do qual vem esta prosa, no momento actual é de grande maturidade entender que já ninguém vê as coisas a preto e branco. Que a altura não é de recorrer aos padrões da passada Guerra Fria, mas sim entender o esboço de novos modelos e abraçar novas propostas.
Além disso, está bom de ver que qualquer extremismo exige boas pernas, prontas para correr à frente de cargas policiais e outras reacções quejandas, coisa que não se coadugna com o inexorável avançar da idade. Prova da sensatez da Natureza, que trata de divorciar a boa condição física de uma maior acuidade mental, abrandando os excessos e remetendo-os para idades em que menos males podem causar sem a ajuda da experiência.
As flores, a contemplação, a tranquilidade e a cabeça nas nuvens sempre estiveram mais de acordo com as minhas expectativas de vida, os projectos e a felicidade com que me comprometo.