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quinta-feira, 12 de abril de 2018

aqui na terra são demais

by Carla Sonheim

Que os outros não gostem de perder tempo a pensar, é lá com eles Se gostam de gastar as suas horas acordados a alimentar pensamentos que parecem tornados dentro das suas cabeças, também é com eles.
O que não está certo é imporem aos outros, sem nenhuma espécie de respeito ou contenção, esses frenesis desnecessários. E poluentes, que constituem um assédio indefensável e uma poluição que devia ser compensada com coimas agravadas e penalização nos impostos.
A liberdade de expressão não deve ser interpretada como uma autorização para massacrar os outros com toda a espécie de aleivosias que atravessam as mentes desestruturadas e com falta de ocupação meritória.
O discurso errático dos loucos é muitíssimo mais aceitável do que os disparates que a maioria das pessoas se entretém a debitar o dia todo. Quem tem medo do silêncio? Que verdades aterradoras tem ele para murmurar dentro dessas cabeças que enchem o espaço à sua volta de guinchos aflitivos de pânicos vários?
Por muita compaixão que se tenha, é difícil chegar ao fim do dia sem pensar um par de vezes em estrafegar uma dessas almas que mais parecem sirenes desgovernadas depois de uma trovoada.
Todas as escolas deviam introduzir, urgentemente, uma aula de reflexão obrigatória, com um programa intensivo de educação sobre o amor próprio e outros exercícios formadores de indivíduos mais racionais e elucidados sobre os terrores sem sentido.
Vozes de burro não chegam ao céu, bem sabemos. Mas aqui na terra são demais.

quinta-feira, 17 de agosto de 2017

pensar devagar


Dei-me conta de que penso devagar. No sentido em que, apesar de pensar constantemente, só raramente entendo e contextualizo o que penso. Por isso vou pensando de forma lenta, cada vez mais lenta. De que serve pensar tanto se não se entende o significado, a causa e o efeito do que se pensa?
Devo fazer o mesmo com a vida, uma vez que ela tanto depende do que pensamos. Se aproveitamos pouco de todo o pensamento que geramos, também só vivemos plenamente umas pequenas porções da vida.
E dou comigo a rir dos raciocínios. Visto esta coisa dos pensamentos tão mal pensados e tudo o que isso acarreta. Assim se avalia a fraca qualidade de qualquer raciocínio. Mesmo dos mais elaborados. Não se acedendo aos factos todos, a todas as causas que se escondem por detrás dos efeitos, só podemos rir da maior parte dos raciciocínios e conclusões que tiramos.
É muita pretensão da nossa parte convencermo-nos de que fazemos escolhas elucidadas e adequadas a todo e qualquer acontecimento. A nossa vida é muito mais parecida com um jogo de que desconhecemos a programação e que nos atira permanentemente para cenários que nunca conseguimos antecipar.
Por isso penso devagar. Nem sequer faz diferença o tempo que levamos a pensar, porque a vida é muito mais alucinada do que podemos imaginar, com tanto bilião de pessoas a pensar caoticamente por todo o lado e a determinar dessa forma as infindáveis variantes do jogo.
Vou continuar a pensar devagar. Não faz diferença a forma como pensamos ou o tempo que levamos nessa ocupação.
O que faz diferença é a forma como passamos a entender os acontecimentos. Não em todos os seus peculiares contornos, mas como bolas loucas disparadas livremente em todas as direcções. A nossa única obrigação é decidir no momento quais apanhar, usar, ou de quais fugir.
Pensar é um jogo, viver é um jogo. As regras são para inventar à medida que rolam os dados.