Mostrar mensagens com a etiqueta rumores de cascais. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta rumores de cascais. Mostrar todas as mensagens

quarta-feira, 9 de abril de 2014

'Street Findings', de Tim Madeira

Tim Madeira (foto: MMF)
Tim Madeira expõe hoje o seu trabalho Street Findings no Farol Hotel, em Cascais. Em colagens e pintura, desmonta restos de posters recolhidos das paredes onde foram colados e volta a montá-los em peças que são novos cartazes, moldados pela sua criatividade.
Os posters sempre me atraíram, dos mais básicos aos mais bonitos, aos eruditos, explica o artista. Não passa um dia que não arranque restos de posters das paredes.
Os restos que arranja, às vezes com centímetros de espessura, são espalhados na relva e descolados, em bocados que depois usa na montagem das suas obras.
Arquitecto de formação, Tim Madeira gosta de encarar a sua produção artística como um hobby.
Faço o que me apetece, quando me apetece, diz, enquanto mostra os restos de posters espalhados por um sofá de palha no jardim de sua casa, que é também o seu atelier. Nunca se ligou a galerias para poder trabalhar à sua maneira e sem compromissos limitativos.
Quando abordou o Farol Hotel para expor o seu trabalho, tinha consciência do contraste entre as coisas que cria e o ambiente sofisticado do local.
Entenderam o conceito muito bem, apesar de não ir lá expor telas muito bem emolduradas, tudo muito certinho, confessa, relatando os seus contactos com Ana Maria Tavares e Raquel Rochete, a directora e a relações públicas do espaço, que aceitaram a sugestão de Ana Mesquita para mostrar o seu novo projecto.

Tim Madeira (foto: MMF)
A empatia e as descobertas que vai fazendo orientam o seu percurso na vida e na arte. Não faz muitos planos, deixa as coisas acontecer e aproveita as oportunidades.
Nascido em Lisboa, em 1955, Tim Madeira pinta desde muito jovem. Queria ir para Belas-Artes, mas o pai convenceu-o a fazer arquitectura e a pintar nas horas vagas.
As colagens começaram por volta dos dezoito anos, com um quadro de imagens religiosas. Ganharam mais expressão com montagens que começou a fazer para um grupo de amigos que se reúne todos os anos no Museu do Arroz.
Comecei a juntar fotografias e outras peças, que junto numa só e depois corto em pedaços, um para cada pessoa, conta, ao mesmo tempo que mostra exemplos do que tem feito. Também fico com a minha parte.
Tim Madeira (foto: MMF)
A sua obra começou a captar o interesse do público com a montagem de candeeiros, peças únicas que vai compondo com diversos materiais.
Herdei um candeeiro da minha avó, que esteve cá em casa anos, sem lhe mexer. Um dia comecei a desmontá-lo e a juntar coisas de vidro, porque lhe faltavam peças e eu gosto de manter sempre alguma simetria nos trabalhos que faço. Pendurei-o em cá em casa, sem eletrificação, nem nada. Na altura não percebia nada de electricidade.
Um amigo pediu-lhe então para fazer uma peça do mesmo tipo para pôr na sua loja. Vendeu-se logo e foi o primeiro de uma longa série que criou reutilizando toda a espécie de materiais.
Tim Madeira (foto: MMF)
Tim Madeira confessa-se desassossegado. Trabalha muito e não gosta de passar um dia sem dar uma pincelada. Sublinha os momentos prazenteiros que resultam do que faz e sente que todas as suas peças carregam um pouco da sua alma, que nem sempre tem de se traduzir por palavras.
Essa forma de entrega, que tão livremente expõe nas suas peças, são com certeza uma das chaves do seu sucesso.
Acho que o meu percurso tem corrido extraordinariamente bem, confessa, com simplicidade, o artista que não gosta de ser vedeta.
Sempre que necessário, ele próprio monta as suas peças em casa de quem as adquire. Aproveita materiais que encontra e que lhe trazem e gosta de usar resinas e papéis à base de água, que não prejudiquem o ambiente.
O resultado é uma forma de expressão generosa e frontal, que não deixa ninguém indiferente. Tim Madeira tem uma força natural e uma visão única, que se mostra nestes Street Findings para ver até finais de Maio no Farol Hotel, em Cascais.
Tim Madeira (foto:MMF)







terça-feira, 9 de julho de 2013

rumores de cascais: as boas escolhas

Isabel Magalhães (Foto de Ivan Capelo)
Quando um amigo se levanta para tentar mudar alguma coisa que todos vemos que não está bem, que espécie de pessoas seríamos se não nos levantássemos também para fazer o mesmo e não o deixar  sozinho a fazer o trabalho de todos?
Mais, se conhecemos esse amigo, se sabemos que a mentira não faz parte da sua vida, que se afasta de tudo o que não lhe parece claro e ainda te estende a mão para te mostrar que tudo tem conserto, que pessoas seríamos se não honrássemos o trabalho e a dedicação que essa pessoa põe na recuperação de um sonho que também é nosso?
Nesta altura, esse amigo é uma mulher que não faz parte de nenhum feudo de partidos que, grandes ou pequenos, têm hábitos e comportamentos de alcateias especializadas nas artes predatórias. Que não participa dos seus mirabolantes esquemas de exploração e domínio de seres humanos, que tem experiência e capacidade para gerir bens e destinos sem disso necessitar para a sua subsistência ou sucesso pessoal. Que acredita as capacidades individuais de todos e que não se deixa intimidar pela propaganda da desgraça. Que não tem apetência pela corrupção e não cede à coacção do poder instituído.
Essa mulher é, com absoluta certeza, uma ameaça para aqueles que, ao cabo de décadas, se habituaram a viver, e muito bem, a custa dos outros e do seu trabalho. É uma ameaça para os que nos ameaçam com as suas práticas desumanas e usurárias. E que acreditam poder, apesar disso, manter-se sem consequências de maior na sua vida privilegiada e parasita.
A mulher de que falo tem um plano, uma visão da vida que nos abrange a todos, que nos integra a todos de uma forma mais justa. Uma proposta de não mais deixar que a riqueza de todos sirva para enriquecer um punhado e não para cuidar de todos e multiplicar as suas hipóteses de uma vida plena e bem estruturada.
É nessa mulher que vou votar. E não em qualquer dos grupos que, como quadrilhas de malfeitores, distribuem entre si os territórios e a riqueza, sem qualquer espécie de ambição que não a de desbaratar o fruto das suas rapinas em luxos que confundem com o significado da sua existência neste mundo.

terça-feira, 17 de julho de 2012

boas notícias

Foto MMFerreira
As boas notícias são que há um cachorro vega na roulotte de cachorros quentes da Boca do Inferno, em Cascais. A cerveja não é suficientemente fria, mas a vista compensa. A música é massacrante, mas às vezes pára. Vêm-se cargueiros e veleiros ao largo, gente a passar para lá do sinal de Perigo de derrocada, colocado bem à frente da falésia, para ir fotografar a fazer equilíbrio em rochas instáveis e de preferência de chinelitos a escorregar no pé. Se pusessem lá um sinal a dizer Cuidado com a crise, era igual. Ninguém ligava. Não me surpreende pois que, mesmo com telejornais apocalípticos vinte e quatro horas por dia, ninguém se rale verdadeiramente com a economia em jeitos de equilibrista barata de circo de quinta categoria. A vista é boa, o País está de férias e não precisamos de melhores notícias. Os incêndios criminosos já disputam manchetes e aberturas de noticiários, mas há tanta festa alive e super qualquer coisa, com tanta gente famosa, bonita e bem vestida, que nada pode estar verdadeiramente mal. Em três quartos de hora a mastigar salsichas com molho picante, batata-palha e cebola frita, a acompanhar a cerveja quase fresca em copos de plástico que não se aguentam com o vento, sete pessoas passaram o sinal de derrocada para fotografar as rochas do Inferno e nenhuma caiu por ali abaixo. O Universo tem, definitivamente, uma tendência para o equilíbrio.