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domingo, 25 de abril de 2021

abril justo

 

"Abril Justo" by MMF

Devíamos estar todos sentados na relva, num parque, a sentir uma brisa calma e a fruir os benefícios da Revolução de Abril. A navegar suavemente nas benevolências da democracia e da justiça para todos. E a sentirmo-nos felizes como quando realizamos uma paixão.
Em vez disso angustiamo-nos com a possibilidade de alguns fazerem mau uso da liberdade e, à boa maneira dos porcos triunfantes, aproveitarem para reivindicar a razão da força para os seus desejos menos idílicos.
Em defesa dos factos, a escolha e a capacidade de alterar a realidade a que agora assistimos como um desfecho possível e indesejável, é a mesma que permitiu Abril de 74 e a mudança significativa nas nossas vidas desde então.
O sistema é justo e funciona para qualquer lado. Os sonhadores devem contemplar simplesmente a possibilidade de agir bastante mais em prol da manutenção das suas adoradas utopias. Sonhos vigilantes e concretizados no dia-a-dia deixam menos espaço a pesadelos totalitários.
Ter por garantida a felicidade é não entender nada da natureza das coisas. É como não abrir o guarda-chuva durante as primeiras gotas da tempestade.
Este mundo é um calvário de trabalhos e é preciso aprender a gozar as alegrias da participação activa nos sonhos. Acabar o dia com a satisfação de o ter passado a depositar mais um tijolo na fundação certa é a garantia de que o amanhã nunca nos parecerá desanimador.
Viva Abril e a sua justiça.

quarta-feira, 31 de outubro de 2018

irmãos no sonho

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"Brasil" by Timothy Raines
A eleição do capitão B para comandar os destinos do Brasil pôs um sorriso esperançoso na maioria dos brasileiros que vivem em Portugal. Acreditam que é um passo para restituir a paz e a ordem ao país. Eles, que fugiram sobretudo da violência que reina, impune, acreditam que a polícia militar, sob a orientação do capitão supremo da sua amada nação, vai sair à rua e caçar os bandidos que ameaçam o dia-a-dia da população.
Por outras palavras, os brasileiros refugiados em países mais seguros acham perfeitamente aceitável que façam a outros seres humanos o que não querem que lhes façam a eles.
Por outro lado, confessam que as grandes facções criminosas que dominam territórios estratégicos nas grandes cidades e um pouco por todo o solo brasileiro, estão infiltradas nos seus órgãos de soberania, os mesmos em que confiam para regular a actividade do novo presidente.
Vistas as coisas desse prisma, podemos confiar que, a haver guerra ao crime, serão com certeza os grandes potentados já instalados a combater-se fora das cadeiras do senado brasileiro para conquistar mais território e influência. Não será propriamente uma caça aos bandidos, mas uma guerra de gangues cujo final nem é bom imaginar.
Mesmo assim, mantém-se o sorriso de vitória e esperança dos brasileiros. E há que aplaudir essa confiança que torna o Brasil um país fantástico e promissor. Não os militares treinados para mostrar mão de ferro na terra que juram proteger e afinal pilham e subjugam como invasores. Muito menos os bandidos que confundem os seus direitos como seres humanos com licenças para arrebatar à força bruta posses materiais.
Por outras palavras, os nossos irmãos brasileiros mantêm o seu extraordinário potencial para crer num destino melhor, mas ainda não conseguiram a paz de espírito para se reagruparem e desenharem firmemente o seu sonho. Como tantos outros irmãos no sonho por esse mundo fora.

domingo, 23 de março de 2014

duas histórias

Duas histórias - Marita Moreno Ferreira
Todos os sonhos têm duas histórias: aquela em que adormecemos e acordamos num local bonito e florido, onde a sensação de bem-estar excede tudo o achamos poder imaginar; e a outra, em que apesar da beleza que nos rodeia, uma qualquer dúvida nos oprime e nos afasta da felicidade.
A segunda parte está sempre lá; é a nossa condição humana. O segredo está em não fazer esforço algum para a rejeitar e gastar antes o nosso tempo na entrega à primeira história, que é a que vale a pena.

quarta-feira, 29 de julho de 2009

heróis e nevoeiros



















O nevoeiro às portas do Porto. Aquela coisa misteriosa dos céus encobertos que até nos fizeram sonhar com um Sebastião diferente, desses que avançam à força da espada e nos resgatam de todos os males. O nosso quase-super-homem português, desses que a qualquer hora se podem materializar e dar corpo aos sonhos. Os mesmos que em terras lusas se desprezam a menos que venham de sebastiões, fantasmas ou mortos, que esses não fazem sombra a ninguém e já podem andar por aí livres a lembrar-nos as enormíssimas realizações que poderiam ter cometido se lhes tivessem, generosamente, emprestado algum crédito. O mistério é uma coisa muito bonita e poderosa, até porque não tem nada que ver com a realidade, por isso pode potenciar qualquer coisa sem grande interferência nos comodismos instalados. Ainda estou para perceber como é que esta gente levantou o traseiro do banco para ir por aí à descoberta de novos mundos, com o pavor atávico que tem da aventura. Tem de haver coisa nessa história...