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quarta-feira, 15 de novembro de 2017

tédio, tédio, tédio

"Spiritual pollution tv" by Ashoka
Como se não bastasse a confrangedora exibição de estupidez de que se compõem os intermináveis anúncios publicitários dos dias de hoje -- a sério, acreditam realmente que os consumidores são tão estúpidos como os conteúdos com que supostamente os vão induzir a comprar mais? --, há ainda a completa gonia de passar de canal para canal e assistir a 99 por cento de filmes de teor policial, crimes e violência. Sem escolha possível, assinando nove ou mais de trezentos canais.
Sem falar da anormalidade de programas sobre futebol -- nenhuma outra modalidade tem direito a qualquer tipo de programa de interesse, a menos que sejam os Jogos Olímpicos e outros eventos com bastantes direitos de transmissão garantidos.
Que tipo de direcção de programação acredita realmente que está a prestar um bom serviço, público ou privado, alimentando este tipo de tédio mental? Que culpa têm as pessoas de que haja gente muito limitada a escolher os conteúdos de todos os canais de televisão? 
Com um pouco de sorte, alguém um dia se lembrará de sacudir o marasmo embrutecedor da televisão com apostas mais variadas e saudáveis, com vantagem para os consumidores e para os bolsos de quem acredita que merecem melhor.
A produção nacional segue, infelizmente, o mesmo caminho. Não por falta de criatividade das propostas, mas por completa cinzentice de quem decide e escolhe o que há-de ocupar os tempos de antena.
Para quem acredita que um cargo de direcção tem prestígio, é difícil entender como conseguem prestar-se a tanta medriocridade.


terça-feira, 13 de novembro de 2012

emprenhar pelos sentidos

Foto daqui.
Se alguém estiver a comer e outra pessoa começar a falar de vómitos, ranhos e cocós, isso pode parecer engraçado a alguns, mas a maioria sabe que é uma coisa de mau gosto e a evitar a todo o custo.
Da mesma forma, se alguém estiver assustado com alguma coisa, é muita maldade falar-lhe do que assusta essa pessoa. O normal e desejável é evitar o assunto e tentar acalmar e distrair a pessoa do que a assustou.
Sendo assim, por que razão me enchem os ouvidos com a crise as dificuldades e outras notícias deprimentes? Que horrível e sádico deleite é esse o das pessoas que se chegam ao pé de nós só com notícias horríveis, desgraças que aconteceram e antevisões das que vêm aí, que ainda não existem, mas que juram a pés juntos que vão abater-se sobre todos?
Deixem de encher o meu mundo com o vosso sangue, real ou imaginário, com as vossas lágrimas e com o vosso desespero. Se não acreditam em nada, fechem os olhos e rendam-se de uma vez à falta de luz, ao medo e às fantasias paralisantes. Não se levantem de manhã, que não vale a pena, não usem o telemóvel nem as redes sociais para envenenar tudo com a vossa desesperança.
Não comprem jornais, não vejam noticiários e fiquem nas vossas camas, deitados e à espera do fim do mundo. Pode ser que ao fim de uma semana de silêncio e paz, a vossa realidade tenha voltado ao normal e consigam usufruir de tudo o que têm à volta e não aproveitam por emprenharem pelos sentidos com as desgraças que não são vossas.