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quarta-feira, 15 de novembro de 2017

tédio, tédio, tédio

"Spiritual pollution tv" by Ashoka
Como se não bastasse a confrangedora exibição de estupidez de que se compõem os intermináveis anúncios publicitários dos dias de hoje -- a sério, acreditam realmente que os consumidores são tão estúpidos como os conteúdos com que supostamente os vão induzir a comprar mais? --, há ainda a completa gonia de passar de canal para canal e assistir a 99 por cento de filmes de teor policial, crimes e violência. Sem escolha possível, assinando nove ou mais de trezentos canais.
Sem falar da anormalidade de programas sobre futebol -- nenhuma outra modalidade tem direito a qualquer tipo de programa de interesse, a menos que sejam os Jogos Olímpicos e outros eventos com bastantes direitos de transmissão garantidos.
Que tipo de direcção de programação acredita realmente que está a prestar um bom serviço, público ou privado, alimentando este tipo de tédio mental? Que culpa têm as pessoas de que haja gente muito limitada a escolher os conteúdos de todos os canais de televisão? 
Com um pouco de sorte, alguém um dia se lembrará de sacudir o marasmo embrutecedor da televisão com apostas mais variadas e saudáveis, com vantagem para os consumidores e para os bolsos de quem acredita que merecem melhor.
A produção nacional segue, infelizmente, o mesmo caminho. Não por falta de criatividade das propostas, mas por completa cinzentice de quem decide e escolhe o que há-de ocupar os tempos de antena.
Para quem acredita que um cargo de direcção tem prestígio, é difícil entender como conseguem prestar-se a tanta medriocridade.


quinta-feira, 30 de julho de 2015

não é fácil, nem está certo

Cycle of Greed - by Anthony Rosbottom
Não é fácil. Não é mesmo nada fácil despertar logo pela adolescência para um apetite incontrolável pela fama, pelo dinheiro e pelo poder. Os excessos hormonais não são bons conselheiros, nem equipam as pessoas para fazer o penoso caminho de se juntarem a um partido político e passarem por todas as humilhações inerentes durante o melhor tempo das suas vidas, fazendo todo o tipo de trabalhos básicos, que mais ninguém quer fazer, só porque se é o último a chegar.
Estar presente para não perder o lugar, dia após dia, a aguentar longas horas com o único fito de subir na vida, esquecendo o que ela realmente é. Aturar intermináveis reuniões, congressos, campanhas e iniciativas, a ouvir sempre as promessas de quem não tem a mínima intenção de as cumprir, viver na sombra das mentiras dos outros, a dizer yes, yes, yes e a mostrar uma admiração e uma fé inexistentes. Tudo na mira de um futuro de lucros.
Assistir de camarote a todas as combinações trapaceiristas, colaborar na elaboração de embustes e rasteiras, aprender como extrair o pior dos outros para benefício próprio. Não pode ser bom, não pode favorecer um crescimento feliz e saudável, numa altura da vida em que o carácter pessoal está exposto e capaz de beber todas as influências.
Acabar como porteiro de um ministério, ou a zelar pelas mais intrincadas burocracias, códigos, regras e consequências, numa qualquer assessoria até alguém pôr um pé em falso, para então subir um degrau mais na penosa carreira política. Estar constantemente a convencer os outros de que a submissão canina e a falta de princípios conferem o direito a um ordenado e a uma posição nas listas.
Não é fácil a reles vida de um político em ascensão. Pelo contrário. É um aprendizado do medo, do poder apenas como abuso sobre os outros ou humilhação e perda. Para ganharem, os políticos acreditam que todos os outros têm de perder. E que têm de ganhar sempre mais e mais, porque o contrário é forçosamente perder.
Por isso, por que se indignam as pessoas que neles votam e depois os insultam nas redes sociais? Como podem acreditar que seres humanos, moldados nesses termos de abuso e de violência psicológica, podem ser governantes diferentes e demonstrar bom fundo, justiça, caridade e capacidade de gerir os bens públicos com as práticas anti-democráticas mais bem consolidadas nas suas mentes, nas suas vontades e na memória de cada célula dos seus corpos?
Não é possível que essas pessoas se tornem, de repente, credíveis e merecedoras de um único voto. Votaríamos nós em cães treinados para nos atacar e para nunca obedecer à nossa voz de comando?
Também não é humano condená-los depois de termos atado firmemente uma venda e votado numa lista com os seus nomes, ou deixado de votar num sistema para agora o acusar de não funcionar. A responsabilidade é de cada um de nós.
Como também somos responsáveis por permitir que esses pobres diabos sejam formados em grupos que funcionam como seitas, bandos de junkies e associações criminosas. Se fossem os nossos filhos, irmãos, amigos, não faríamos de tudo para evitar a sua perda e ruína? 
Votar neles é mantê-los em casa sem trancar as portas e esperar que tenham a força suficiente para não esvaziar os porta-moedas e levar o televisor da sala para trocar por uma nova dose.
Como alcoólicos, drogados e outras vítimas de adições várias, essas pessoas têm de ser encaminhadas para uma reabilitação. E a Procuradoria da República devia investigar a actividade de todas as associações criminosas que produziram a sua falta de carácter e dependência.
Isso sim, é o que devia fazer-se, em vez de entregar o destino das riquezas do País, a produção de leis e o policiamento a essas pessoas de diminuída capacidade para praticar o bem para si e para os outros.